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Quebra do cessar-fogo: ataque israelense em Gaza mata líder político do Hamas

Médicos evacuam vítimas palestinas após ataque aéreo israelense no norte de Gaza. • Reprodução/Reuters

Um ataque aéreo israelense no sul de Gaza matou um líder político do Hamas, Salah al-Bardaweel, neste domingo (23), segundo o grupo militante, enquanto autoridades palestinas estimaram o número de mortos em quase 18 meses de conflito em mais de 50 mil.


Após dois meses de relativa calma na guerra, os moradores de Gaza estão novamente fugindo para salvar suas vidas depois que Israel efetivamente abandonou um cessar-fogo, lançando uma nova campanha aérea e terrestre na terça-feira (18) contra o Hamas.


Explosões ecoaram por todo o norte, centro e sul da Faixa de Gaza no início deste domingo (23), enquanto aviões israelenses atingiram vários alvos nessas áreas no que testemunhas disseram ser uma escalada dos ataques que começaram no início da semana.


Pelo menos 30 palestinos foram mortos em ataques israelenses em Rafah e Khan Younis até agora, segundo autoridades de saúde.


Entre os mortos estavam três funcionários municipais, relataram médicos.


O Hamas disse que o ataque aéreo em Khan Younis matou Bardaweel e sua esposa. Autoridades israelenses não fizeram comentários imediatos.


Bardaweel era membro do órgão decisório do Hamas, o escritório político, e ocupou cargos como chefiar a delegação do Hamas para negociações indiretas de trégua com Israel em 2009 e liderou o escritório de mídia do grupo em 2005.


“Seu sangue, o de sua esposa e mártires, continuará alimentando a batalha pela libertação e independência”, anunciou o grupo.


O primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu falou repetidamente que o principal objetivo da guerra é destruir o Hamas como uma entidade militar e governamental.


Ele comentou que o objetivo da nova campanha é forçar o grupo a entregar os reféns restantes.


Israel lançou seu ataque inicial a Gaza depois que os combatentes do Hamas invadiram o sul de Israel em 7 de outubro de 2023, matando 1.200 pessoas e fazendo mais de 250 reféns, segundo as contagens israelenses.


Hamas acusou Israel de violar os termos do acordo de cessar-fogo de janeiro ao se recusar a iniciar negociações para o fim da guerra e a retirada de suas tropas de Gaza.


Mas o Hamas comentou que ainda está disposto a negociar e estava estudando propostas de “ponte” do enviado especial do presidente dos EUA, Donald Trump, Steve Witkoff.


Pelo menos 50.021 palestinos foram mortos e 113.274 feridos desde o início da guerra, relatou o Ministério da Saúde em um comunicado neste domingo (23).


Retirada de civis na zona de combate

O porta-voz militar israelense Avichay Adraee emitiu um alerta de retirada na rede social X para moradores do bairro Tel Al-Sultan, no oeste de Rafah, no sul da faixa.


Os militares comunicaram mais tarde que tropas cercaram Tel Al-Sultan para desmantelar “locais de infraestrutura de terror e eliminar terroristas na área”, a fim de reforçar o controle e expandir a zona de segurança no sul de Gaza.


Ele falou que os soldados estavam permitindo a retirada de civis da zona de combate através de rotas organizadas para sua segurança.


Dezenas de famílias deixaram suas casas em Tel Al-Sultan em direção ao norte, para Khan Younis, algumas a pé, enquanto outras carregavam seus pertences e filhos em carroças puxadas por burros e riquixás.


“Quando o cessar-fogo começou, voltamos para montar tendas perto das ruínas de nossas casas, sonhando que logo elas seriam reconstruídas”, comentou Abu Khaled, um morador de Rafah.


“Agora estamos fugindo sob fogo pela décima vez, quando descansaremos? Quando haverá paz nesta cidade?”, ele relato uà Reuters por meio de um aplicativo de bate-papo.


O Serviço de Emergência Civil Palestino disse que 50 mil moradores permaneceram presos em Rafah depois que foram surpreendidos por um ataque do exército israelense em suas áreas, alertando que suas vidas e as das equipes de resgate estavam em risco.


Autoridades palestinas e internacionais também alertaram sobre o retorno do risco de fome no enclave.


“Cada dia sem comida aproxima Gaza de uma crise aguda de fome. Proibir ajuda é uma punição coletiva para Gaza: a vasta maioria de sua população é composta por crianças, mulheres e homens comuns”, postou no X o chefe da agência das Nações Unidas para refugiados palestinos, UNRWA, Philippe Lazzarin.


Em 2 de março, Israel bloqueou a entrada de mercadorias em Gaza e o conselheiro de política externa de Netanyahu, Ophir Falk, acusou o Hamas de receber ajuda para seu próprio uso, uma acusação que o Hamas negou anteriormente.


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