MinC teria se oferecido para ajudar em campanhas do PT em 2024, sugere gravação

Um mural mostrando as vítimas de um ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023, perto do Kibutz Reim, no sul de Israel. Fotógrafo: Kobi Wolf/Bloomberg.

A secretária nacional de Mulheres do PT, Anne Moura, afirmou que os comitês de cultura criados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e pela ministra Margareth Menezes foram usados para eleger aliados em 2024, com aval da cúpula da pasta. Em uma reunião de setembro passado, ela defendeu prioridade para militantes, dizendo que “quem foi para a frente da prisão” deve ser beneficiado na “parte boa”.


As declarações de Anne Moura foram gravadas e divulgadas pelo jornal Estadão nesta segunda-feira (10). Elas foram registradas em cartório por Marcos Rodrigues, ex-chefe do comitê do Amazonas, com quem rompeu politicamente.


O Programa Nacional de Comitês de Cultura (PNCC), responsável por contratar entidades culturais para receber verba pública e coordenar as ações e atividades de fomento à cultura nos Estados, lançado em 2023, tem um orçamento de R$ 58,8 milhões até o fim deste ano.


Em nota ao jornal, a secretária disse que suas falas podem ter sido tiradas de contexto. Já o Ministério da Cultura negou irregularidades, mas suspendeu atividades e bloqueou recursos do comitê do Amazonas até a conclusão das apurações.


Na gravação feita por seu ex-aliado, Anne Moura cobrou que Marcos Rodrigues utilizasse a estrutura do comitê em sua campanha para vereadora de Manaus – na qual acabou derrotada. Além disso, afirmou que a falta de envolvimento político do comitê amazonense foi considerada “um absurdo” por Roberta Martins, secretária do Ministério da Cultura responsável pelo PNCC e integrante do PT do Rio de Janeiro.


“Fui lá no MinC agora, da última vez, o pessoal me perguntou: ‘Anne, o comitê tá te ajudando?’ Eu disse: não, Roberta, não tá. Ela tava na sede do PT, na reunião e perguntou: ‘o comitê tá te ajudando? Porque nos outros lugares está tudo ajudando’. Porque eu fui pedir dinheiro também, tô pedindo ajuda para ganhar a eleição. Aí ela disse: o comitê tá te ajudando com alguma coisa nas agendas, nas atividades? O comitê não pode te dar dinheiro, mas eles podem promover atividade para te ajudar. Eles estão te ajudando?’”.


Ela ainda criticou o fato de o comitê selecionar artistas para atividades sem alinhamento político prévio, questionando a ausência de articulação sobre quais seriam os “artistas parceiros”. Segundo ela, essa insatisfação foi levada ao secretário-executivo do Ministério da Cultura, Márcio Tavares. Antes de assumir a posição de número dois da ministra Margareth Menezes, Tavares ocupava o cargo de secretário nacional de Cultura do PT, com status hierárquico equivalente ao de Anne dentro do partido.


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