O fechamento completo do Aeroporto de Heathrow, em Londres, nesta sexta-feira (21), após um incêndio em uma subestação elétrica, provocou um efeito cascata sem precedentes na aviação global e afetou diretamente passageiros brasileiros. Três voos com origem no Brasil – dois da British Airways, partindo de São Paulo (BA246) e do Rio de Janeiro (BA248), e um da Latam, partindo de Guarulhos (LA8084) – foram desviados para Madri. Outro voo, o BA240, sequer decolou de São Paulo.
O voo BA246, da British Airways, havia decolado do Aeroporto Internacional de São Paulo/Guarulhos durante a noite de quinta-feira e seguia em direção a Londres quando a interrupção das operações em Heathrow foi anunciada. A aeronave foi redirecionada para o Aeroporto de Barajas, em Madri, onde desembarcou os passageiros. O mesmo ocorreu com o BA248, vindo do Rio de Janeiro, e com o LA8084, da Latam, que também aterrissaram na capital espanhola.
A situação complicou-se ainda mais para quem embarcaria no voo BA240, o segundo do dia da British Airways entre São Paulo e Londres. Passageiros chegaram a entrar na aeronave, mas o voo foi cancelado ainda em solo, diante da incapacidade de garantir pouso em Heathrow ou em outro aeroporto alternativo naquele momento. Muitos passageiros relataram frustração e preocupação com a remarcação de voos e conexões em outros países europeus.

Com Heathrow fechado até pelo menos às 23h59 do horário local (20h59 de Brasília) desta sexta-feira, os voos de retorno ao Brasil também foram comprometidos. Voos originalmente programados para sair de Londres com destino a São Paulo e Rio de Janeiro foram cancelados ou estão sendo reprogramados pelas companhias aéreas.
A British Airways, responsável por dois dos voos afetados, declarou que está em contato com os passageiros e busca oferecer reacomodação ou reembolso. Já a Latam informou que presta assistência aos clientes impactados pelo desvio do LA8084 e aguarda a normalização das operações no Reino Unido para retomar sua programação habitual.
Impacto global
Segundo o Flightradar24, ao menos 1.351 voos foram cancelados ou reprogramados, afetando cerca de 145 mil passageiros apenas nesta sexta. A interrupção representa uma quebra crítica na malha aérea global, já que Heathrow é o aeroporto mais movimentado da Europa e o segundo do mundo, com mais de 220 mil passageiros diários e conexão com 180 destinos.
O impacto econômico também é severo. Especialistas estimam que os prejuízos para o aeroporto e as companhias aéreas podem ultrapassar 50 milhões de libras (cerca de R$ 368 milhões), considerando os custos de cancelamentos, redirecionamentos, reacomodação de passageiros e danos à imagem das empresas envolvidas.

A pane foi causada por um incêndio em um transformador com 25 mil litros de óleo na subestação elétrica de Hayes, a oeste de Londres, que deixou até 100 mil residências sem energia. O episódio gerou críticas à infraestrutura do aeroporto. “É inadmissível que uma estrutura com essa relevância dependa de uma única fonte de energia”, disparou Willie Walsh, diretor-geral da Iata.
A polícia antiterrorismo lidera a investigação por se tratar de uma infraestrutura nacional crítica, mas até o momento não há indícios de crime ou sabotagem.
A British Airways reconheceu que o fechamento de seu principal hub afetará significativamente suas operações. Já o governo britânico prometeu uma investigação completa. “Há perguntas a serem respondidas, mas nossa prioridade agora é mitigar os efeitos do incidente”, disse um porta-voz do primeiro-ministro.
Com os terminais 2 e 4 ainda sem energia e passageiros orientados a evitar o aeroporto, os reflexos da crise devem se estender pelos próximos dias, com potencial para afetar ainda mais voos e economias interconectadas ao hub britânico.
(com informações de AFP e Reuters)