A disparada no preço dos ovos nos Estados Unidos tem levado consumidores a atitudes extremas para economizar: o contrabando do produto a partir do México disparou, com autoridades de fronteira relatando um aumento significativo nas tentativas de entrada irregular de ovos no país.
Segundo reportagem do Wall Street Journal, as apreensões de ovos em pontos de controle de fronteira cresceram 36% no atual ano fiscal em comparação ao anterior. Em regiões específicas do Texas, o salto foi ainda maior, chegando a 54%. Em San Diego, na Califórnia, os casos mais que dobraram. As autoridades apontam que muitos viajantes atravessam a fronteira carregando bandejas com 30 ovos, geralmente para consumo próprio, atraídos pelos preços bem mais baixos no México.
Nos EUA, o preço médio de uma dúzia de ovos atingiu US$ 5,90 (R$ 33,70) em fevereiro, quase o dobro do registrado no mesmo período do ano passado. Em algumas localidades, o valor superou os US$ 10 (R$ 57). Já no México, os preços ficaram abaixo de US$ 2 (R$ 11,40), embora em cidades fronteiriças possam alcançar cerca de US$ 2,30 (R$ 13,15), de acordo com dados do governo mexicano.
A alta de preços nos EUA está relacionada a um surto de gripe aviária que dizimou parte significativa da produção de galinhas poedeiras no país. Embora as autoridades americanas indiquem que os preços no atacado estejam começando a recuar com a redução dos casos da doença, o impacto no bolso dos consumidores permanece evidente.
Como resposta à crise, o Departamento de Justiça dos EUA abriu uma investigação para apurar possíveis práticas anticompetitivas por parte de grandes produtores de ovos. O Departamento de Agricultura também anunciou um investimento de até US$ 1 bilhão (R$ 57 bilhões) para enfrentar a situação, com metade desse valor voltado a medidas de biossegurança nas granjas.
Enquanto isso, quem tenta cruzar a fronteira com ovos sem a devida inspeção enfrenta apreensão do produto e, em alguns casos, multas. O governo americano proíbe a entrada de alimentos de origem animal não verificados, por risco de introdução de doenças no território. Em El Paso, por exemplo, os ovos apreendidos são destruídos em incineradores controlados pelas autoridades.
Além dos ovos para consumo, os agentes também estão atentos à entrada de cascarones — tradicionais ovos de Páscoa mexicanos recheados com confete. Esses itens são permitidos, desde que estejam devidamente limpos e sem resíduos de gema ou clara, o que tem exigido uma triagem mais cuidadosa por parte dos fiscais.