O dólar interrompeu uma sequência de altas e encerrou a terça-feira em queda no Brasil, mas ainda na casa dos R$ 5,70, com as cotações reagindo à divulgação da ata do último encontro do Copom e ao recuo da moeda norte-americana também no exterior.
Investidores reagem à possibilidade de flexibilização de novas tarifas adicionais a importações dos EUA, que entram em vigor em 2 de abril. Por outro lado, o presidente americano, Donald Trump, impôs tarifas secundárias de 25% a importações de países que compram petróleo e gás da Venezuela, o que ajuda à alta do petróleo, e afirmou que anunciará mais tarifas “em breve” sobre carros, aço, alumínio e fármacos.
Além disso, o mercado também analisou os comentários do ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
Qual é a cotação do dólar hoje?
O dólar comercial caiu 0,75%, a R$ 5,708 na compra e R$ 5,709 na venda. Na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento tinha baixa de 0,94%, a 5,7145 pontos.
Na segunda-feira, o dólar comercial fechou em alta de 0,65%, a R$5,7528.
Dólar comercial
- • Compra: R$ 5,708
- • Venda: R$ 5,709
Dólar turismo
- • Compra: R$ 5,744
- • Venda: R$ 5,924
O que aconteceu com dólar hoje?
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, lamentou nesta terça-feira que a reforma tributária aprovada no Congresso Nacional tenha ampliado as exceções para pagamento de impostos, mas disse acreditar que isso poderá ser reavaliado até 2032, quando termina seu prazo de transição.
“Se pudesse colocar um defeito nesta reforma — diante do caos que estamos vivendo, é até pecado dizer que é defeito — é a gente ampliar as exceções”, comentou Haddad durante evento na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), na capital paulista, acrescentando que isso leva a um aumento da alíquota média do novo tributo que substituirá os impostos e contribuições que vigoram hoje.
No início do dia o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central divulgou a ata do encontro da semana passada, quando o colegiado subiu a taxa Selic em 100 pontos-base, para 14,25% ao ano, sinalizando a intenção de promover novo aumento em maio — desta vez de menor intensidade.
No documento, o BC citou a elevada incerteza e reforçou que o ciclo de alta de juros não está encerrado. A ata pontuou ainda que “o cenário de convergência da inflação à meta torna-se mais desafiador com expectativas desancoradas para prazos mais longos e exige uma restrição monetária maior e por mais tempo do que outrora seria apropriado”.
Para profissionais ouvidos pela Reuters, a ata foi “hawkish” (dura com a inflação), o que contribuiu para a queda do dólar ante o real.
“A ata pegou no câmbio, porque sugeriu continuidade da alta de juros e cortes da Selic não tão breves”, pontuou o diretor da Correparti Corretora, Jefferson Rugik. “O mercado desmontou posições defensivas no dólar e também houve fluxo de entrada de moeda”, acrescentou.
Na prática, uma Selic mais elevada, e por mais tempo, amplia o diferencial de juros do Brasil, o que favorece a entrada de dólares no país, pesando nas cotações.
Além do fator interno, o câmbio no Brasil era influenciado pela queda do dólar ante outras divisas no exterior.
“O DXY (índice do dólar) não caiu tão expressivamente hoje, mas caiu. De certo modo, esperávamos um cenário bem pior lá fora, mas o dólar tem sofrido forte desvalorização”, comentou Victor Furtado, head de Alocação da W1 Capital.
(Com Estadão e Reuters)