O ex-ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania, Silvio Almeida, afirmou que a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, “se perdeu no personagem” ao fazer as denúncias de importunação sexual que levaram à sua demissão em setembro de 2024.
Em entrevista ao UOL, publicada nesta segunda-feira (24), Almeida disse que ele e Franco foram “enredados” em uma “armadilha” de fofocas e intrigas políticas.
“A ministra Anielle Franco caiu numa armadilha pela falta de compreensão de como funciona a política. A mesma armadilha que eu caí também […] Eu acho que ela se perdeu no personagem. Quando você se torna ministro de Estado a intriga se torna uma arma política“, afirmou.
Almeida prestará depoimento à Polícia Federal nesta terça-feira (25), no inquérito que apura o caso sob sigilo. Franco já foi ouvida em outubro de 2024.
A ministra relatou à Veja que Almeida passou a mão em sua perna durante uma reunião ministerial e, em outro momento, teria sussurrado uma frase de cunho erótico. O ex-ministro nega as acusações e sugere que Franco tentou desgastá-lo devido à sua influência na pauta antirracista, área de atuação do ministério que ela comanda.
“Eu acho que para tentar me desgastar, para tentar lidar com as divergências que ela eventualmente tinha comigo, ela participou desse espalhamento de fofocas, de intrigas sobre o meu comportamento. Mas o objetivo talvez fosse minar a minha credibilidade, tirar meu espaço em certos círculos da elite carioca, da academia, pessoas ligadas ao sistema de justiça“, afirmou Almeida.
Almeida sustenta que Franco “perdeu o controle da narrativa” e que, diante disso, teria duas opções: admitir que foi parte de um “jogo de intriga” ou “dobrar a aposta na história inverídica, criar uma crise enorme para o governo, colocar em xeque políticas importantes e destruir minha vida pessoal e familiar. Ela escolheu o segundo caminho”, disse.
O ex-ministro também contestou a acusação feita pela organização Me Too, que disse ter acolhido mulheres relatando assédio sexual por parte dele, incluindo ex-alunas. Almeida criticou o vazamento das denúncias e afirmou que a divulgação compromete a presunção de sua inocência.
As acusações contra o ex-ministro surgiram em setembro de 2024 e resultaram em sua demissão pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Desde então, Almeida nega as alegações, classificando-as como “mentiras” e “ilações absurdas”.