Numa sessão de agenda esvaziada no Brasil, o dólar voltou a ceder ante o real nesta terça-feira e fechou no menor valor do ano, novamente abaixo dos R$5,70, após leilão de venda de moeda com compromisso de recompra promovido pelo Banco Central, enquanto investidores monitoravam as negociações no exterior para o fim da guerra entre Rússia e Ucrânia.
Rússia e Estados Unidos concordaram em estabelecer um processo para solucionar o conflito na Ucrânia e para remover barreiras para missões diplomáticas, disse o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, nesta terça-feira.
Ele disse que as conversas entre as delegações de Rússia e EUA foram úteis, que os dois lados ouviram um ao outro e concordaram em criar condições para restaurar integralmente a cooperação entre os dois países.
Qual foi a cotação do dólar hoje?
O dólar à vista fechou em baixa de 0,42%, aos R$5,6887 — menor cotação de fechamento desde 7 de novembro de 2024, quando encerrou em R$5,6759. Em 2025 a moeda norte-americana acumula queda de 7,93%.
Às 17h06 na B3 o dólar para março — atualmente o mais líquido — cedia 0,45%, aos R$5,6980.
Dóalr comercial
- • Compra: R$ 5,688
- • Venda: R$ 5,688
Dólar turismo
- • Compra: R$ 5,743
- • Venda: R$ 5,923
O que aconteceu com dólar hoje?
No exterior as atenções estiveram voltadas às conversas entre Estados Unidos e Rússia em Riad, na Arábia Saudita, com o objetivo de colocar fim à guerra na Ucrânia. O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenskiy, disse que nenhum acordo de paz pode ser feito pelas costas de seu país e adiou para 10 de março a visita à Arábia Saudita, antes planejada para quarta-feira.
Já a Rússia endureceu as demandas para um acordo de paz, exigindo que a Otan negue uma promessa feita numa cúpula em Bucareste, em 2008, de que a Ucrânia se juntaria à organização no futuro.
Em meio às tensões geopolíticas, o dólar se manteve em alta ante boa parte das demais divisas e, no Brasil, marcou a cotação máxima do dia de R$5,7259 (+0,23%) no mercado à vista às 11h07.
O leilão de linha (venda de dólares com compromisso de recompra) realizado pelo Banco Central pela manhã, no entanto, ajudou a tirar pressão no mercado brasileiro, na visão de alguns profissionais.
O BC vendeu US$3 bilhões pela cotação da taxa Ptax das 10h, de R$5,7046. A operação foi feita para rolagem de vencimentos programados para 6 de março. A recompra pelo BC será feita em 2 de outubro de 2025.
“O DXY (dólar index) está em leve alta, então estamos um pouco na contramão do exterior”, comentou no início da tarde Nicolas Gomes, especialista em câmbio da Manchester Investimentos. “Muito disso se dá por conta do leilão de dólares do BC. Depois disso vimos uma queda da moeda, e estamos com a agenda bastante esvaziada”, acrescentou.
Às 12h18, o dólar à vista marcou a mínima de R$5,6755 (-0,65%).
Com a agenda do dia sem grandes catalisadores, o dólar não teve força para buscar níveis mais baixos.
Na visão de Gomes, um dólar próximo dos R$5,60 ou R$5,70 está mais de acordo com os fundamentos atuais, após os picos vistos no fim de 2024.
“Não vejo nenhuma queda no curto prazo mais acentuada. Não temos indicador que corrobore isso”, avaliou.
Pela manhã, o Tesouro Nacional anunciou a emissão de títulos em dólares no mercado internacional, com prazo de 10 anos, vencendo em 2035.
“O objetivo da operação é dar continuidade à estratégia do Tesouro Nacional de promover a liquidez da curva de juros soberana em dólar no mercado externo, provendo referência para o setor corporativo, e antecipar financiamento de vencimentos em moeda estrangeira”, informou o Tesouro em comunicado.
Já o BC, além do leilão de linha, vendeu 15.000 contratos de swap cambial tradicional para fins de rolagem do vencimento de 1º de abril de 2025.
Às 17h12, o índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — subia 0,30%, a 107,040.
(Com Reuters)