A família de Kailliny Cauana de Castro, de 16 anos, corre contra o tempo para salvar a vida da adolescente. Isto porque em outubro de 2024, após uma internação para investigação de uma anemia e febres constantes, ela recebeu o diagnóstico de leucemia linfoblástica aguda B. Agora, a família busca um doador de medula óssea compatível com a jovem. (Saiba como se tornar um doador mais abaixo)
Queiliane da Silva Cruz Castro, 35 anos, mãe da adolescente, explicou que as pessoas não conhecem sobre o processo de doação de medula óssea, assim como ela, que apenas soube dos procedimentos após a própria filha necessitar.
“As pessoas não entendem muito como é o transplante de medula. Muita gente vindo falar comigo, para saber se é compatível. Eu sou doadora de medula agora também, só que eu também não fui compatível com ela. As pessoas pensam que é só chegar lá e doar para ela. Não é assim. É um banco, os nossos dados vão para lá, e se for compatível com alguém, eles entram em contato”, esclareceu.
A mãe contou que, no primeiro momento, após a descoberta, todos os parentes de primeiro grau foram testados, inclusive os irmãos da Kailliny, um de 19 e outra de três, porém não foram compatíveis.
“Os três são todos filhos do mesmo pai. Eles fizeram esse exame de compatibilidade pelo hospital, e nenhum dos meus dois filhos foram compatíveis com ela. Foi aí que ela entrou em um banco de dados para ver se tinha alguém compatível com ela, mas até agora não foi encontrado um doador“, disse ela.
A família da adolescente agora faz uma campanha para que mais pessoas saibam sobre a doação de medula óssea, que se inscrevam no Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea (Redome) e que possam ajudar a salvar a vida não só de sua filha, mas de quem possa ser compatível.
Doença
Queiliane descreve que em junho do ano passado, a filha começou a sentir muitas dores de cabeça. Ela diz que Kailliny nunca tinha reclamado da saúde. A mãe a levava para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA), da Cidade do Povo, em Rio Branco, porém só passavam um soro sem nenhum pedido de exames e a mandavam de volta para casa.
“Levei ela 12 vezes, na segunda vez que eu levei, o médico disse que era por conta da fumaça. Eu citei sobre a fraqueza que ela sentia e que não estava se alimentando, e o médico disse que ela estava fraca porque não estava comendo, mas não passavam nenhum exame. Um tempo depois, começou a aparecer uns ratos na minha casa e os sintomas dela começaram a aumentar”, detalha a mãe.
Ela declara que, nesse momento, acreditava que a filha poderia estar com leptospirose, já que havia visto os animais.
“Ela começou a ter febre, dor no corpo, palidez. Aí eu pedi para minha sogra levar ela e pegar uma ficha no posto de saúde. Lá, a médica ficou muito preocupada, viu a cor dela, passou uns exames, inclusive de leptospirose e até eu fiz também”, comentou.
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Os pais e irmãos de Kailliny foram testados, porém não apresentaram compatibilidade para a doação de medula óssea — Foto: Arquivo pessoal
A mãe narra que durante esse atendimento foi identificada uma anemia muito forte. A partir daquele momento, a adolescente já precisou ficar internada. Queiliane, que estava há pouco tempo em um novo emprego em um supermercado, precisou deixar a filha com a irmã para ir trabalhar.
“No outro dia ela foi transferida para a Fundação. Eu fui ficar com ela e um médico chegou e disse que ia fazer exames mais aprofundados porque os outros que tinham feito, não tinham dado nada. O exame de leptospirose ia demorar 12 dias e avisei pro médico sobre a suspeita. Ele fez um exame rápido com uma lâmina e já disse que ela estava com leucemia“, disse.
Tratamento
Após o choque inicial, o médico fez algumas perguntas para a mãe da adolescente e deu orientações sobre a doença e de como funcionava o tratamento.
“Ele perguntou se tinha algum caso na família e eu falei que não. Ele explicou como é que funcionava o tratamento e que ela ia ter que fazer uma biópsia para confirmar. Eu chamei alguns parentes e ele explicou como é que funcionava, o que ela ia precisar e já disse que talvez precisaria de transplante de medula. Após a descoberta, pedi demissão pra cuidar dela”, descreve ela.
A adolescente desde então passou por uma primeira quimioterapia, que não apresentou um grande resultado, e uma segunda sessão que teve efeito positivo.
“Após a primeira quimioterapia, a doença ainda estava lá. A biópsia mostrava. Em dezembro, ela fez outra que caiu o cabelo e então teve uma reação bem ruim, mas positiva para a leucemia. Porque ao repetir a biópsia, a doença tinha entrado em remissão, e para fazer o transplante, ela tinha que estar em remissão da doença”, frisa.
Volta da doença
Na última quinta-feira (13), em uma nova consulta, o resultado de uma nova biópsia apontou que a doença havia voltado.
Em um relatório médico do Hospital do Câncer, assinado pelo médico André David Marques Alexandre, hematologista da unidade de alta complexidade em Oncologia (Unacon), ele relata que Kailliny passou por todas as quimioterapias disponíveis pelo SUS, porém não está apresentando sucesso. Ele ofereceu a possibilidade de terapia com o medicamento blinatumomabe.
O medicamento não está disponível pelo SUS, custa um valor entre R$ 18 e 20 mil, e a família não tem condições de comprar o fármaco.
“A leucemia voltou e está em 17%. O médico disse que eu ia precisar entrar na justiça pra ela ter acesso a um medicamento que ela precisa agora. Ele me deu um papel para ir no Ministério Público e tentar conseguir esse medicamento” afirma a mãe.
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Neste domingo (16), adolescente precisou ser internada novamente — Foto: Arquivo pessoal
Outra possibilidade apresentada pelo médico é a transferência de Kailliny para outro hospital em outro estado para que ela faça um tratamento que custa, aproximadamente R$ 1 milhão. No entanto, a família também precisará contratar um advogado particular.
“Ainda não sei qual o valor do advogado, porque o procedimento ele vai entrar na justiça para o estado pagar. Aí eu vou ter que pagar para ele dar essa entrada”, explicou a mãe da adolescente.
A família afirma que agora precisam, principalmente, de ajuda jurídica. A mãe pede para que entrem em contato com através do número (68) 99218-6808, que também funciona como WhatsApp.
Como se tornar um doador de medula óssea?
Para se tornar um doador voluntário de medula óssea, é preciso ir ao Hemocentro mais próximo da sua cidade, realizar um cadastro no Redome e coletar uma amostra de sangue (10 ml) para exame de tipagem HLA.(Veja hemocentros disponíveis no Acre mais abaixo)
O que é necessário?
- • Ter entre 18 e 35 anos de idade (O doador permanece no cadastro até 60 anos e pode realizar a doação até esta idade).
- • Um documento de identificação oficial com foto.
- • Estar em bom estado geral de saúde.
- • Não ter nenhuma doença impeditiva para cadastro e doação de medula óssea.
Hemocentros no Acre
Rio Branco
- • Endereço: Av. Getúlio Vargas, número 2787, Bairro Bosque
- • Funcionamento: De segunda a sábado, das 7h30 às 18h
- • Telefone: 3215-2323
- • Endereço: Rua Pedro Telles, número 600, Bairro Manoel Terças
- • Funcionamento: De segunda a sexta, das 7 às 13h
- • Telefone: (68) 3322-4318
- • Endereço: Rua Generalíssimo Deodoro, n° 417, Bairro Raimundo Chaar
- • Funcionamento: Todas as Terças-feiras
- • Horário de funcionamento: 8h às 12h e das 14h às 17h
Fonte: G1 Acre