Um estudo divulgado no final de janeiro de 2025 alerta que o Acre enfrenta riscos cada vez maiores de desastres ambientais e pode precisar realocar cidades inteiras para áreas mais seguras. O levantamento, apresentado no Anuário das Mudanças Climáticas pelo Centro Brasil no Clima (CBC) e Instituto Clima e Sociedade (ICS), revelou que o estado registrou 167 eventos ambientais extremos entre 2000 e 2023.
A pesquisa destaca que a localização geográfica do Acre e a falta de infraestrutura adequada contribuem para a gravidade dos impactos causados por enchentes, alagamentos e outros eventos climáticos extremos. Entre os principais problemas identificados estão o aumento das temperaturas, que pode chegar a até 8ºC nas próximas décadas, e a elevação do nível dos rios, intensificando as enchentes.
O estudo cita o caso da cidade de Brasiléia, que em fevereiro de 2024, enfrentou a maior cheia de sua história, com cerca de 75% de seu território coberto pela água. Em 2024, mais de 14 mil pessoas ficaram desalojadas ou desabrigadas devido à cheia, e 17 das 22 cidades acreanas decretaram situação de emergência. Comunidades indígenas também sofreram com os impactos, demonstrando a amplitude da crise ambiental no estado.
O estudo recomenda que o Governo do Acre amplie seus mecanismos de monitoramento e alerta para minimizar os danos causados pelos desastres naturais. O sistema de alerta da Bacia do Rio Acre e a plataforma SACE já auxiliam no acompanhamento do nível do rio em tempo real, mas especialistas defendem que as medidas precisam ser reforçadas.
Além disso, o anuário sugere que o plano estadual de adaptação leve em consideração a realocação de comunidades para áreas mais altas. A ideia, já discutida em Brasiléia, inclui a construção de conjuntos habitacionais em zonas seguras, longe das regiões frequentemente atingidas pelas cheias.
De acordo com dados do Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR), o Acre registrou 167 desastres ambientais nos últimos 24 anos. Desse total, as inundações foram os eventos mais frequentes, com 57 ocorrências, seguidas por estiagens e secas, que somaram 42 registros. Os incêndios florestais também tiveram um impacto significativo, com 35 casos registrados no período. Além disso, houve sete episódios de alagamentos, cinco de vendavais e outros 21 desastres classificados em diferentes categorias.