O Estado do Acre registrou, em 2024, a prescrição de 1.804.437,86 quilos/litros de agrotóxicos, conforme aponta o Relatório Consolidado do Uso de Agrotóxicos no Acre, pelo Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Acre (Idaf). Destes, 71,44% foram destinados ao manejo de pastagens.
O monitoramento baseia-se na obrigatoriedade legal de que comerciantes forneçam ao IDAFcópias das receitas agronômicas dos produtos comercializados. Esses dados permitem extrair informações essenciais para a fiscalização agropecuária, incluindo a quantidade de agrotóxicos prescritos por cultura, praga e município.
Em 2024, foram emitidas 30.334 receitas agronômicas. Segundo o documento, a maior parte dos agrotóxicos foi destinada ao controle de pragas e plantas daninhas em pastagens, totalizando 1.289.091,24 quilos (71,44% do total) utilizado. Cultivo da soja e do milho aparecem na sequência com 263.498,74 kg, (14,60%) e 191.718,91 kg, (10,62%) de uso agrotóxicos.
Conforme o monitoramento, os municípios que registraram as maiores quantidades de prescrição de agrotóxicos, cerca de 56,78%, foram Xapuri, Plácido de Castro, Rio Branco e Senador Guiomard.
Por outro lado, Rodrigues Alves, Mâncio Lima, Assis Brasil, Porto Walter, Jordão, Santa Rosa do Purus e Marechal Thaumaturgo juntos representaram apenas 0,88% das prescrições, totalizando 15.905,97 quilos.
O documento traz, ainda, uma preocupação quanto às informações que podem apresentar variações significativas por falta de visitas técnicas às propriedades rurais para avaliar as condições, além da falta de diagnóstico sobre os danos reais causados pelas pragas. “É importante destacar que a origem das informações nos receituários agronômicos pode introduzir variações significativas no grau de confiabilidade. Isso ocorre, principalmente, porque muitos dos profissionais responsáveis pela emissão desses receituários não realizam visitas às propriedades rurais para avaliar as condições locais nem diagnosticam os danos reais causados pelas pragas”, pondera.
O relatório também avalia o risco de uso indevido de agrotóxicos em algumas plantações.“Além disso, há risco de uso indevido, como aplicação em culturas não previstas ou em áreas urbanas, prática proibida pelos órgãos competentes, como ANVISA, IBAMA e MAPA”, diz um trecho do documento.
O relatório cita também que “o uso inadequado de agrotóxicos, aliado a prescrições sem uma avaliação rigorosa, pode aumentar significativamente o risco de contaminação crônica e aguda em trabalhadores rurais e consumidores, ainda elevando os níveis de resíduos em produtos agrícolas e contaminando solos e águas”.