Cinco turistas foram surpreendidos por uma cabeça d’água enquanto percorriam uma trilha em Alto Paraíso de Goiás, na Chapada dos Veadeiros. Um vídeo mostra o momento em que eles se agarram a pedras e galhos para não serem arrastados pela correnteza (assista abaixo).
“A trilha por si só quase nos arrastou. Tivemos que salvar nossas próprias vidas”, desabafou a mulher, nas redes sociais.
O caso aconteceu nesta segunda-feira (30). A servidora pública Lana Guedes, de 43 anos, relatou que estava acompanhada de sua filha de 16 anos, do pai da menina e de um casal de amigos em um hotel fazenda com trilhas e cachoeiras. Embora não tenham sofrido fraturas, todos ficaram com escoriações e luxações.
Lana afirmou que, apesar de o hotel ter proibido banhos nas cachoeiras, eles foram autorizados a fazer a trilha, sem serem alertados sobre os riscos de enxurradas ou cabeças d’água. Ela criticou a falta de informações e medidas de segurança, como cordas, placas de alerta e brigadistas. O g1 entrou em contato com a pousada para um posicionamento, mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem.
“Não nos informaram do risco. Não tinha corda, placas de risco de alagamento e zero brigadistas”, escreveu a mulher.
Chuva e formação de cabeça d’água
O gerente do Centro de Informações Meteorológicas e Hidrológicas de Goiás (Cimehgo), André Amorim, explicou que Alto Paraíso registrou fortes chuvas na segunda-feira, com cerca de 56 mm de precipitação, podendo ser ainda maior nas áreas rurais e turísticas.
O especialista explicou que esse volume elevado de chuva é propício para a formação de cabeças d’água, especialmente em regiões como a Chapada dos Veadeiros, que possuem cursos d’água intermitentes, ou seja, que são temporários.
“Eles não estavam andando bem em uma trilha. Eles [turistas] não conhecem a região, que é de bastante pedra. Quando você está no período seco ou de pouca chuva, fica seco, fica tranquilo e, de repente, quando vem essas chuvas volumosas a montante do ponto que eles estavam, rapidamente o curso da água enche novamente”, explicou André.
Fotos divulgadas pela servidora pública mostram a situação da trilha antes e depois da enxurrada (veja abaixo). No caso dos cinco turistas, eles não chegaram a entrar nas cachoeiras e relataram terem retornado pela trilha assim que começou a chuviscar. Mesmo assim, encontraram o caminho de volta completamente alagado e com fortes correntezas, dificultando o retorno à sede da pousada.
André Amorim alertou para o perigo dessas formações, que podem surpreender turistas, pegando-os desprevenidos. A principal recomendação é que, ao iniciar uma chuva, as pessoas saiam imediatamente da água. Ele também destacou a importância de guias turísticos, que conhecem o ambiente e podem orientar sobre os riscos locais.
“É muito perigoso porque a movimentação é muito rápida. Pode jogar você contra uma pedra dessa e você se machucar, bater a cabeça. Por isso é importante a questão dos guias turísticos”, explicou.
“Como você não conhece o ambiente, pode correr risco ali”, completou.
A servidora pública Lana Guedes contou que a situação foi assustadora e que agora eles tentam se recuperar do ocorrido. Moradora de Brasília, ela, a filha e os outros três turistas retornaram para a cidade no mesmo dia. Ela também explicou que o Corpo de Bombeiros não foi chamado e que o grupo concluiu a travessia por conta própria para poder voltar para casa.