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‘Fui xingada várias vezes’, diz mulher que não cedeu assento a criança em voo

O vídeo de uma mulher sendo filmada em um avião da companhia Gol por não ceder seu lugar a uma criança que estava chorando viralizou em diferentes redes sociais nos últimos dias. A postagem, inicialmente feita como crítica à postura da passageira, virou alvo de internautas e mexeu com especialistas em direito, psicólogos, mães, influencers e viajantes.


O ocorrido envolve questões como direito do consumidor, direito aeronáutico, psicologia infantil e maternidade, exposição indevida de imagem e o compartilhamento de conteúdo na internet.


Em entrevista ao programa Encontro na manhã desta sexta-feira (06), Jeniffer Castro, a passageira que não cedeu o lugar, afirmou que foi xingada “várias vezes”. “No final, quando eu fui sair, pegar a mala, ela estava atrás de mim, ela falou assim: ‘agora você levanta sua imbecil'”, conta.


Ela disse que está sentindo medo de toda a situação, além de não entender o sucesso, o que as pessoas estão pensando.


“Estou mais com medo da minha segurança”, desabafa. “Está todo mundo mandando mensagem, perguntando onde eu moro”, comenta.


 


Além disso, Jeniffer diz que as medidas legais já estão sendo tomadas.


Entenda, abaixo, o que se sabe sobre o vídeo, quem são as pessoas envolvidas e a polêmica em torno do assunto.


📲 Postagem

 


▶️Tudo começou quando o perfil @marycomciencia postou no TikTok o vídeo que viralizou com um texto dizendo: “e minha mãe que encontrou uma pessoa sem empatia com criança”.


Na imagem, uma passageira está sentada em um assento próximo à janela, usando fones de ouvido e tentando ignorar o fato de estar sendo filmada sem autorização. Jeniffer, a passageira exposta, ficou conhecida na internet como “diva do avião”.


A intenção da mulher que fez as imagens e da filha que postou o vídeo em seu perfil era, inicialmente, constranger a passageira que não quis ceder seu lugar para a criança. Jeniffer, no entanto, procura não se envolver na discussão e mantém, em grande parte da gravação, os olhos fechados.


⚠️Quem fez as imagens e criticou Jeniffer no vídeo não foi a mãe da criança, mas sim uma passageira que originalmente não estava envolvida na troca de assentos.


“Estou gravando a sua cara porque você não tem empatia com as pessoas”, diz a voz no vídeo. E completa: “Isso é repugnante, no século 21, não ter empatia com uma criança. Se fosse com um adulto, tudo bem, agora com criança é demais”.


Ao fundo do vídeo, é possível ouvir uma voz feminina criticando Jeniffer e uma criança chorando.


Depois que o caso tomou as redes sociais, os perfis de @marycomciencia foram desativados.


💺 Assento pago

 


Uma das principais questões abordadas pelos internautas é que Jeniffer aparece em um assento especial, com custo extra. Isto quer dizer que a passageira pagou um valor a mais para se sentar ali.


Na simulação de voos da Gol entre as cidades de São Paulo e Belo Horizonte, por exemplo, um assento Conforto pode custar R$ 51 a mais no valor da passagem por trecho.


Alguns perfis que compartilham o caso afirmam que, quando Jeniffer chegou ao assento, havia uma criança sentada ali. A mãe, então, retirou a criança para que Jeniffer pudesse se sentar. Depois disso, a criança teria começado a chorar por querer ficar justamente naquele lugar.


Simulação de reserva de assento tipo Conforto pela companhia aérea Gol em um trecho entre as cidades de São Paulo e Belo Horizonte — Foto: Reprodução

Simulação de reserva de assento tipo Conforto pela companhia aérea Gol em um trecho entre as cidades de São Paulo e Belo Horizonte — Foto: Reprodução

Quem é Jeniffer

 


Os internautas tomaram as dores de Jeniffer Castro por ter sido exposta nas redes sociais. Muitos acreditam que, além de ter sido indevidamente filmada, a passageira teve razão em não ceder o lugar.


As pessoas que apoiam Jeniffer também admiram o fato de ela não ter se envolvido na briga. Na tarde da quinta-feira (05), Jeniffer somava pouco mais de 400 mil seguidores em seu perfil do Instagram. Na manhã desta sexta (06), a “diva do avião” já ultrapassou mais de 1,3 milhão de fãs.


Na rede social, ela posta imagens no Rio de Janeiro, em viagens, com amigas e praticando exercícios. Nos stories, ela chegou a compartilhar uma postagem sobre a exposição com a hashtag #todoscomjeniffercastro.


No Linkedin, rede social com foco profissional, Jeniffer Castro conta que é agente de negócios do banco Bradesco, formada em administração pela Faculdade Nova Serrana e com MBA em gestão estratégica de negócios pelo Centro Universitário Newton Paiva.


Postagem de Jeniffer Castro nas redes sociais — Foto: Reprodução

Postagem de Jeniffer Castro nas redes sociais — Foto: Reprodução

🗎 O que diz a Anac

 


A portaria Nº13.065/SAS da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) define que o passageiro menor de 16 anos que viaja acompanhado deve ser obrigatoriamente acomodado em assento ao lado de, pelo menos, um adulto responsável.


Se os passageiros quiserem selecionar previamente seus assentos por motivos diversos, como preferência por janela por exemplo, poderá haver cobrança pelos lugares escolhidos, tanto para a criança quanto para o responsável.


A legislação, no entanto, não menciona a possibilidade de troca de assentos entre passageiros por outros motivos.


Em nota ao g1, a Agência afirmou que “com base na filmagem que circulou nas redes sociais, a situação não se enquadra nos casos regulamentados pela Anac. A troca de assento deve ser feita apenas em casos específicos que envolvam as saídas de emergência ou questões de segurança operacional”.


📑 O que diz a Gol

 


Em resposta ao g1 sobre o caso, a companhia aérea Gol diz:


“Por se tratar de uma questão de protocolo e regulamentos, recomendamos que acione a ANAC para esclarecimentos. Segundo a agência reguladora, a troca de assento deve ser feita apenas em casos específicos que envolvam as saídas de emergência ou questões de segurança operacional”.


👶 É birra?

 


Além de apoiar Jeniffer, muitos usuários também passaram a criticar a família envolvida, rotulando a criança como “birrenta” e atribuindo o comportamento a uma suposta falta de limites impostos pelos pais.


Embora não seja possível entender todo o contexto social e familiar da situação apenas pelo vídeo e sua repercussão digital, o g1 conversou com a psicóloga e doutora em saúde Fernanda Landeiro sobre algumas estratégias que podem ajudar pais e as crianças a manterem a calma em situações como esta.


“Estar em uma situação social e passar por uma frustração é muito comum, e os pais precisam estar preparados previamente para lidar com isso. A criança deve ser ensinada a lidar com a frustração desde cedo. Na psicologia chamamos isso de treino de tolerância ao mal-estar, como quando a criança quer algo do shopping e os pais não têm dinheiro, ou quando quer comer algo fora da hora da refeição. Quanto antes a criança iniciar esse ‘treino’, mais fácil vai ser para você lidar com isso no futuro”, afirma.


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