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Dólar salta quase 3% e tem máxima histórica a R$ 6,27 com combo Fed e receio fiscal

Dólar

O dólar operava com forte disparada frente ao real nesta quarta-feira (18), ampliando fortemente os ganhos da véspera e superando os R$ 6,25, à medida que os investidores seguem de olho na maior aversão ao risco no Brasil e repercutem também a decisão de política monetária do Federal Reserve.


O Federal Reserve cortou 0,25 ponto percentual na taxa de juros nos EUA. O custo dos empréstimos agora ficou na faixa de 4,25-4,50%, em linha com o esperado. Porém, deu várias sinalizações duras (hawkish, mostrando preocupação com a inflação) e sinalizou menores cortes de juros à frente, fortalecendo assim a divisa americana.


Uma previsão de um afrouxamento mais gradual dos juros é um fator positivo para o dólar, ao elevar o rendimentos dos Treasuries, o que dificulta ainda mais a perspectiva para moedas emergentes em 2025.


A moeda chegou a bater os R$ 6,271 durante a tarde, às 16h12.


O dólar à vista encerrou o dia em alta de 2,78%, cotado a 6,2679 reais — maior valor nominal de fechamento da história.


Na B3, às 17h03, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 2,39%, a 6,258 reais na venda.


Na terça-feira, o dólar à vista encerrou o dia em alta de 0,10%, cotado a R$ 6,0982 – novo maior valor nominal de fechamento da história.


O Banco Central fará nesta sessão leilão de até 15.000 contratos de swap cambial tradicional para fins de rolagem do vencimento de 3 de fevereiro de 2025.


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O que aconteceu com dólar hoje?

Na reta final do pregão, o dólar teve mais um fator para ganhos após a decisão do Fed, que reduziu a taxa básica de juros em 0,25 ponto percentual nesta quarta-feira e sinalizou que diminuirá o ritmo de corte adicional dos custos dos empréstimos dada uma taxa de desemprego relativamente estável e a pouca melhora recente na inflação.


“Em linhas gerais, a decisão de hoje, embora em termos quantitativos tenha sido marcada por uma redução dos juros, apresentou diversos elementos hawkish por parte do FED em termos de atuação futura”, avalia Carla Argenta, economista-chefe da CM Capital.


Por mais um pregão, o foco do mercado também permaneceu sobre o cenário fiscal do país, com investidores analisando novas notícias sobre a tramitação do pacote fiscal do governo no Congresso, que deve entrar em recesso na sexta-feira.


A Câmara dos Deputados aprovou na noite de terça-feira o texto-base do projeto que impõe travas para o crescimento de despesas com pessoal e incentivos tributários no caso de déficit primário — o Projeto de Lei Complementar 210, que faz parte do pacote fiscal.


Segundo o presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), os outros dois textos que compõem o pacote do governo — um projeto de lei e uma Projeto de Emenda à Constituição — devem ser analisados pelo plenário nesta quarta-feira.


No entanto, as notícias não pareciam suficientes para impedir a alta do dólar nesta sessão.


O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse mais cedo que teve uma reunião positiva com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), acrescentando que a votação do pacote fiscal na Casa depende apenas da chegada do texto após a votação na Câmara dos Deputados.


“Acho que tem uma crise de credibilidade. O mercado precisa ver algo concreto para reprecificar e não se acalma com discursos e notícias. O mercado só vai acalmar com um pacote aprovado, que dê para fazer conta e reprecificar os riscos”, disse Matheus Massote, sócio da One Investimentos.


Após quatro pregões seguidos com intervenções do Banco Central no câmbio, nesta sessão não houve leilões de dólares.


Na terça-feira, a autarquia vendeu mais de 3,2 bilhões de dólares á vista em dois leilões, totalizando mais de 12,75 bilhões de dólares vendidos desde quinta-feira, em operações que também incluíram leilões de linha, com compromisso de recompra pelo BC. As intervenções contribuíram no máximo para reduzir temporariamente os ganhos da moeda norte-americana.


Outro fator para a disparada do dólar se deu pelas elevadas taxas de juros futuras, com os altos prêmios de risco do país, puxados pelos receios fiscais de agentes nacionais, afastando a entrada de possíveis recursos de investidores estrangeiros.


“Instabilidade e incerteza é algo difícil para o mercado trabalhar, pois ele trabalha com precificação de risco. No momento, isto significa fuga de capital”, disse Massote.


O fluxo do envio de remessas de empresas para o exterior, que se intensifica no fim do ano, também era um fator relevante, gerando falta de liquidez no mercado.


Quando já circulava acima dos 6,20 reais, o dólar recebeu um novo impulso vindo do cenário externo, após as autoridades do Federal Reserve projetarem no meio da tarde um afrouxamento monetário menor do que o anteriormente esperado para o próximo ano, em meio a uma inflação persistente nos Estados Unidos.


O anúncio ajudou a fortalecer a moeda norte-americana nos mercados globais, gerando pressão sobre divisas de países emergentes, uma vez que os rendimentos dos Treasuries saltaram.


Após a decisão do Fed e perto do fechamento, o dólar atingiu a cotação máxima do dia, a 6,2702 (+2,82%). A mínima foi alcançada nos primeiros segundos após a abertura, a 6,0942 (-0,07%).


O índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — subia 1,14%, a 108,150.


Nesta sessão, o BC vendeu todos os 15.000 contratos de swap cambial tradicional ofertados em leilão para rolagem do vencimento de 3 de fevereiro de 2025.


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