Dólar renova máxima histórica e fecha acima de R$ 6 com temor fiscal; Ibovespa cai

O dólar fechou a sessão desta segunda-feira (2) em alta, se mantendo acima do patamar de R$ 6, com mercados ainda digerindo o pacote fiscal e isenção do Imposto de Renda (IR) para salários de até R$ 5 mil, apresentados pelo governo federal na semana passada.


A divisa encerrou o dia com alta de 1,07%, cotado a R$ 6,0652 na venda, renovando recorde histórico de encerramento. O dólar encerrou novembro com alta de 3,8%, a R$ 6.


Já o Ibovespa caminhava na contramão ao registrar um recuo de 0,12%, aos 125,5 mil pontos, por volta das 17h.


Na cena internacional, o mercado espera por uma série de dados que serão publicados nos próximos dias, com destaque para o relatório de emprego nos Estados Unidos, na sexta-feira (6), para avaliar a trajetória da taxa de juros do Federal Reserve (Fed).


Atualmente, operadores veem mais de 61% de chance de o Fed optar por um corte de 25 pontos-base nos juros quando se reunir neste mês, em comparação com uma chance de quase 83% observada no mês anterior, de acordo com a ferramenta FedWatch da CME.


Ameaças de Trump

O mercado também repercute anúncios de Donald e ameaças comerciais do presidente eleito dos EUA.


No sábado, Trump exigiu que os países membros do Brics se comprometam a não criar uma nova moeda ou apoiar outra moeda que substitua o dólar, sob pena de sofrerem tarifas de 100%.


“Exigimos que esses países se comprometam a não criar uma nova moeda do Brics nem apoiar qualquer outra moeda que substitua o poderoso dólar americano, caso contrário, eles sofrerão 100% de tarifas e deverão dizer adeus às vendas para a maravilhosa economia norte-americana”, escreveu Trump em sua plataforma de mídia social, Truth Social.


“Eles podem procurar outro ‘otário’. Não há nenhuma chance dos Brics substituírem o dólar americano no comércio internacional, e qualquer país que tentar deve dizer adeus aos Estados Unidos”, acrescentou Trump.


Desde janeiro deste ano, o grupo Brics tem dez membros plenos. Além de Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, se uniram ao bloco como membros permanentes Irã, Arábia Saudita, Egito, Etiópia e Emirados Árabes Unidos.


Em outubro, o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva defendeu, em reunião de cúpula dos países do Brics em Kazan, na Rússia, que o bloco de países emergentes avance na criação de meios de pagamento alternativos entre si, fugindo da necessidade de uso do dólar.


Mercado piora expectativas para 2025 

O mercado voltou a subir as expectativas para juros, inflação e dólar no próximo ano, conforme boletim Focus publicado pelo Banco Central (BC) nesta manhã 


Foi a primeira publicação das previsões dos analistas após a apresentação e detalhamento do pacote fiscal e reforma do Imposto de Renda, pelo governo federal, na semana passada. 


As estimativas para a taxa básica de juros em 2025 foram a 12,63%, ante 12,25% na semana passada. Foi a terceira edição seguida de alta da Selic para o próximo ano. 


Já para 2024, a previsão se manteve em 11,75%. Os juros estão atualmente em 11,25% ao ano. 


O Comitê de Política Monetária (Copom) do BC se reúne pela últimas vez neste ano entre os dias 10 e 11 de dezembro. A expectativa do mercado é que o encontro encerre com nova alta de 0,5 ponto. 


As previsões para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) – indicador oficial da inflação brasileira – também foram revistas. Agora, o mercado prevê alta de 4,4% nos preços de 2025, contra 4,34% na edição da semana passada. 


Foi a sétima edição seguida do Focus com alta do IPCA para o próximo ano. 


Para 2024, as estimativas subiram a 4,71%, ante 4,63% na edição anterior. 


As análises mostram o IPCA se aproximando do teto da meta em 2025, e confirmam as previsões do mercado de estouro do limite máximo neste ano. 


 Pacote fiscal e isenção do IR   

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou na quarta-feira (27) um pacote de contenção de fiscal cuja expectativa do governo é gerar uma economia de mais de R$ 70 bilhões ao longo dos próximos dois anos.   


Além das medidas de corte de gastos, Haddad enviou ao Congresso uma das principais promessas de campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT): o projeto de isenção do Imposto de Renda (IR) aos contribuintes que ganhem até R$ 5 mil.   


O anúncio como um todo, porém, gerou um mal-estar generalizado no mercado, de modo que o dólar fechou um pregão pela primeira vez na história acima do patamar de R$ 6. 


 


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