Como homem forjou acidente para matar a ex e receber seguro de R$ 1 milhão

Imagem do dia do acidente — Foto: Polícia Militar/Divulgação

Um acidente de carro tirou a vida de Maria Cláudia Santos Freitas, de 44 anos, em agosto de 2024 em Uberlândia. Após investigação, a Polícia Civil concluiu que a colisão do carro alugado pela vítima com uma árvore foi provocada pelo próprio marido, Aldo Fabiano Angelotti, de 43 anos, que dirigia o veículo. A intenção dele era receber R$ 1 milhão da apólice de um seguro de vida dela.


Aldo Fabiano Angelotti preso — Foto: TV Integração/Reprodução

Aldo Fabiano Angelotti preso — Foto: TV Integração/Reprodução

Aldo Fabiano foi preso na quinta-feira (5), na casa onde mora, no Bairro São Jorge, também em Uberlândia. Segundo os investigadores, o homem premeditou o crime desde o início de 2024, quando o casal reatou o relacionamento após um período de separação.


De acordo com polícia, o airbag do lado de Maria Cláudia foi desativado, a apólice de seguro assinada 20 dias antes do crime e até a árvore em que o carro bateu foi escolhida propositalmente, pois causaria mais estragos.


Ainda segundo a polícia, mesmo após a prisão, Aldo nega o crime e afirma que tudo foi um acidente. O g1 tenta contato com a defesa do suspeito.


Veja, abaixo, a cronologia do crime, segundo as investigações:

 


Maria Claudia Freitas Angelotti e Aldo Fabiano Angelotti com os três filhos do casal. — Foto: Redes sociais/Reprodução

Maria Claudia Freitas Angelotti e Aldo Fabiano Angelotti com os três filhos do casal. — Foto: Redes sociais/Reprodução

  • • 25 de outubro de 2023: após a separação, Maria Cláudia registrou uma ocorrência de ameaça de morte cometida por Aldo Fabiano; ela não pediu medida protetiva;
  • • Janeiro de 2024: Aldo e Maria Cláudia reataram o relacionamento após o período separados; a suspeita é de que ele buscou a reconciliação já com a intenção de matar a mulher;
  • • 5 de abril: o carro foi alugado no nome de Maria Cláudia após Aldo Fabiano escolher o modelo, ano e marca do veículo;
  • • 1º de agosto: a primeira apólice de seguro de vida de Maria Cláudia foi assinada, o valor não foi divulgado;
  • • 8 de agosto: Outra apólice no valor de R$ 1 milhão foi assinada; Aldo Fabiano era um dos beneficiários. Ainda em agosto, outras seguradoras foram procuradas pelo casal, mas nenhuma outra apólice foi assinada;
  • • 30 de agosto: o carro bateu na árvore na Rua Transição, no Bairro Laranjeiras, às 8h; não foram encontradas testemunhas que viram o acidente e não haviam câmeras de monitoramento nas imediações;
  • • 30 de agosto: Maria Cláudia, que estava no banco do passageiro, teve a morte confirmada ainda no local enquanto era socorrida por equipes do Sistema Integrado de Atendimento a Trauma e Emergência (Siate); o airbag dela não foi acionado. Aldo Fabiano relatou que o sol atrapalhou sua visão, fazendo-o perder o controle da direção; ele foi levado com ferimentos para o Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia (HC-UFU);
  • • 30 de agosto: a perícia da Polícia Civil foi acionada e suspeitou que o acidente teria sido provocado, uma vez que as condições do carro e do local não condiziam com as afirmações de Aldo.

“Fazendo uma visita no local do acidente, tanto os investigadores quanto os peritos observaram que a via era plana, retilínea e estava em boas condições asfálticas. Existia uma árvore com porte mais robusto no meio da via, ele escolheu ela, em específico, e mudou repentinamente a direção para colidir com a árvore”, explicou o delegado Carlos Fernandes.


  • • 30 de agosto: A perícia não encontrou marcas de frenagem no asfalto, identificou que o sol não estava a pino no momento do acidente, a árvore atingida era a única robusta o bastante para causar os ferimentos e o mecanismo que ativava o airbag do assento de passageiro estava desativado;

 


Velocímetro do carro parou em 60km/h, na via de 40km/h | Dispositivo que ativa ou não o airbag do passageiro. — Foto: Polícia Militar/Divulgação

Velocímetro do carro parou em 60km/h, na via de 40km/h | Dispositivo que ativa ou não o airbag do passageiro. — Foto: Polícia Militar/Divulgação  

  • • 15 de outubro: a Delegacia de Homicídios entrou no caso a partir da dúvida se Aldo Fabiano sabia que o airbag estava desativado.

“Ao chegar ao local, o que chamou atenção foi que só o airbag do condutor havia sido deflagrado. Analisando o veículo, vimos que há um dispositivo que ativa e desativa o funcionamento do airbag. A dúvida recaia sobre o fato do condutor saber ou não desta informação, de que o airbag estava desativado”, explicou o perito João Paulo Teixeira.


  • • Outubro: os investigadores foram até uma concessionária e descobriram que, em um carro de mesma marca, modelo e ano, o motorista é avisado no painel que o airbag não está funcionando. Os investigadores solicitaram às seguradoras que o valor do seguro de vida não fosse liberado, pois acreditavam que Aldo utilizaria o dinheiro para fugir.

“Fomos até uma concessionária ver um veículo equivalente. Uma vez desativado o dispositivo, fica claramente, aos olhos do condutor, o aviso de que estava desativado. A hipótese de que ele não sabia, se extinguiu neste momento”, contou o perito.


  • • 25 de novembro: Aldo Fabiano foi indiciado e um mandado de prisão contra ele foi expedido;
  • • 5 de dezembro: Aldo Fabiano foi preso pela manhã, no Bairro São Jorge; em oitiva, ele negou o crime e afirmou que tudo não passou de um acidente;
  • • 5 de dezembro: Aldo Fabiano deu entrada no Presídio Professor Jacy de Assis, em Uberlândia, durante a noite.

“A Polícia não tem dúvidas de que não se trata de um mero acidente. Há certeza de que foi um feminicídio. O indivíduo ceifou a vida da vítima para obter vantagem financeira”, afirmou o delegado Eduardo Leal.


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