A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, afirmou nesta segunda-feira, 25, que tanto o Carrefour quanto os frigoríficos brasileiros têm autonomia para decidir suas práticas comerciais. A declaração surge no contexto de um impasse envolvendo a rede francesa e o setor de carnes brasileiro, após o Carrefour anunciar a suspensão da compra de carne brasileira, justificando preocupações ambientais e sanitárias.
Marina classificou como legítima a decisão dos frigoríficos de boicotarem o Carrefour em resposta à medida. “É a lei do livre mercado, do livre comércio. Assim como é legítimo as empresas brasileiras se recusarem a vender, é legítimo também que o Carrefour opte por não comprar. Do mesmo jeito que você é livre para vender, para transacionar, você é livre também para não fazer negócios”, explicou a ministra.
Apesar disso, Marina alertou sobre a urgência de governos e empresas em oferecer respostas concretas à crise climática, que ela considera um dos fatores centrais nas tensões comerciais. “A opinião pública vai cada vez mais nos pressionar. O problema do clima está completamente descontrolado e ameaçando o futuro da vida no planeta. Temos que fazer o dever de casa, tanto no setor público quanto no privado”, salientou.
Ela também destacou o compromisso do governo brasileiro em agregar valores éticos e sustentáveis à produção agrícola nacional. “Nossa agricultura tem valor ético, social e ambiental. Não é produzida com base no desmatamento ou na exploração inadequada da força de trabalho”, disse Marina, defendendo a necessidade de alianças entre os setores público e privado para enfrentar crises como essa.
Reação no Acre
No Acre, a decisão do Carrefour gerou críticas de figuras políticas e do setor agropecuário. O secretário de Agricultura e Pecuária, Luis Tchê, chamou a medida de “equivocada” e destacou o rigor dos padrões sustentáveis da produção brasileira. “Nossa carne é produzida com base no Código Florestal Brasileiro”, comentou.
Assuero Veronez, presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Acre (FAEAC), foi ainda mais enfático, classificando a atitude do Carrefour como “hipocrisia europeia”. Para ele, a suspensão reflete o protecionismo disfarçado de preocupação ambiental. Veronez apontou que a decisão já resultou em prejuízos para a rede francesa, incluindo queda no valor das ações e desabastecimento de carne nas lojas.
O presidente da Apex-Brasil, Jorge Viana, também criticou duramente a decisão do Carrefour, descrevendo-a como “descabida e irresponsável”. Viana destacou os avanços recentes do Brasil no combate ao desmatamento e na reconstrução de sua imagem internacional.
“O desmatamento foi reduzido em mais de 45%, há programas de inclusão social e de proteção aos povos indígenas. A imagem do agronegócio brasileiro está bem diferente do passado e deve ser defendida com base nesses avanços”, afirmou.
Com informações do G1