Dólar fecha a R$ 5,99 após chegar a R$ 6 por 1ª vez com pacote fiscal e reforma do IR

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Após ultrapassar os 6,00 reais pela primeira vez na história, o dólar à vista fechou pouco abaixo deste patamar no Brasil, refletindo nesta quinta-feira a desconfiança do mercado em relação ao pacote fiscal anunciado pelo governo.


Apesar da forte pressão no mercado de câmbio pelo segundo dia consecutivo, o Banco Central novamente optou por não realizar leilões extras de moeda para acomodar as cotações — uma prática que tem se repetido nos últimos anos.


Haddad anunciou na véspera o aumento da faixa de isenção do imposto de renda para quem ganha até 5 mil reais mensais e disse que a iniciativa será compensada com elevação da taxação para quem ganha acima de 50 mil reais por mês.


Qual é a cotação do dólar hoje?

O dólar à vista fechou o dia com forte alta de 1,30%, cotado a 5,9910 reais. Esta é a maior cotação nominal de fechamento da história, tendo superado o recorde da véspera. Em 2024, a divisa acumula elevação de 23,49%.


Às 17h27 o dólar para dezembro — o mais líquido atualmente no Brasil — subia 0,64%, aos 5,9975 reais.


Dólar comercial

• Compra: R$ 5,991


• Venda: R$ 5,991


Dólar turismo

• Compra: R$ 5,859


• Venda: R$ 6,039


O que acontece com o dólar hoje?

O pacote de medida de contenção de gastos, anunciado pelo governo na quarta-feira e detalhado nesta quinta, prevê a economia de 71,9 bilhões de reais entre 2025 e 2026, com impacto de 327 bilhões de reais até 2030, disse o Executivo em apresentação sobre o pacote.


Na apresentação, o governo detalhou que uma das medidas a serem enviadas para o Congresso será a limitação de regras do Benefício de Prestação Continuada, que não foi anunciada na véspera durante pronunciamento do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, à rede nacional de rádio e televisão.


No BPC, será vedada dedução de renda não prevista em lei, de acordo com a apresentação, e passarão a contar para acesso a renda de cônjuge e companheiro não coabitante e renda de irmãos, filhos e enteados coabitantes.


Segundo analistas do mercado, que aguardavam com nervosismo a divulgação das medidas fiscais, uma vez que haviam sido prometidas para depois do segundo turno das eleições municipais, o anúncio das medidas junto da reforma do IR levantava dúvidas sobre o compromisso do governo com o equilíbrio das contas.


“Os mercados provavelmente receberiam de braços abertos esse valor significativo, mas a surpreendente medida de isentar os salários até 5 mil deve conter o otimismo. É difícil interpretar o anúncio de outra forma que não como uma tentativa de recuperar o apoio popular após a notável perda de fôlego da esquerda”, disse Eduardo Moutinho, analista de mercados do Ebury Bank.


Segundo Haddad, a compensação para o aumento da faixa de isenção do IR, uma promessa de campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, virá pelo aumento da taxação para quem ganha acima de R$ 50 mil por mês e pela limitação da isenção por razões de saúde a quem ganha até R$ 20 mil.


Na curva de juros brasileira, as taxas de DI mostravam altas sólidas, em particular para os contratos de longo prazo, com investidores elevando os prêmios de risco do país.


“Dada a demora, o adiamento para a divulgação desse pacote de medidas havia elevado a expectativa dos investidores a respeito do que o governo poderia trazer à mesa, e digamos que o comunicado do governo acaba frustrando essas expectativas”, disse Leonel Mattos, analista de Inteligência de Mercado da StoneX.


Com isso, o real ia na contramão de seus pares emergentes, que mostravam ganhos ante o dólar ou perdas marginais, com o noticiário doméstico prevalecendo nas decisões dos investidores brasileiros.


O índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — subia 0,10%, a 106,220.


O foco no exterior continua sendo a expectativa pelo novo governo do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, cujas promessas de tarifas têm gerado temores de uma guerra comercial com a Europa e a China, o que tem favorecido o dólar.


No início da semana, Trump prometeu implementar tarifas de 25% sobre todos os produtos de México e Canadá, além de uma tarifa adicional sobre os produtos chineses.


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