A Bolívia pretende vender créditos de compensação de carbono no valor de US$ 5 bilhões em uma tentativa de cumprir meta de acabar com o desmatamento dentro de suas fronteiras até o final da década, informou o governo.
Países ou empresas podem comprar créditos de carbono para compensar suas próprias emissões de gases de efeito estufa, financiando projetos que reduzam as emissões de gases que causam o aquecimento climático em outros lugares.
“A intenção é conservar, plantar e reflorestar. E é uma forma de gerar valor neste país”, disse o ministro da Economia da Bolívia, Marcelo Montenegro, a jornalistas.
A economia da Bolívia tem enfrentado dificuldades, com suas reservas internacionais quase esgotadas e muitas pessoas incapazes de obter dólares. O país também vem enfrentando um aumento no desmatamento e nos incêndios florestais, batendo recorde com pelo menos 10 milhões de hectares queimados durante a temporada de incêndios deste ano.
“Todos sabem quanto gastamos para apagar incêndios, tentando controlá-los, e deveríamos ter recursos para prevenir, mitigar e nos antecipar a eles”, disse Montenegro. “Se as intenções de plantar, reflorestar e mitigar esse tipo de dano ambiental forem valorizadas, então serão bem-vindas.”
Os “créditos de carbono soberanos” bolivianos estarão em conformidade com as regras do “Artigo 6” para compensação no âmbito do Acordo de Paris, o que significa que países estrangeiros poderão comprá-los para cumprir suas próprias metas climáticas nacionais, de acordo com a Laconic Infrastructure Partners, que está auxiliando na venda.
As negociações estão em andamento com possíveis compradores, incluindo grandes corporações e outros governos, disse à Reuters Andrew Gilmour, presidente-executivo da Laconic.
“Na COP29, há partes interessadas na mesa”, disse ele, acrescentando que as primeiras entregas poderiam ocorrer já no segundo trimestre do próximo ano.
O equivalente a cerca de 250 milhões de toneladas de compensações estará disponível na forma de títulos em vez de créditos tradicionais, e todos os recursos devem ser usados para proteger as florestas, disse ele.
A plataforma da Laconic gerencia os dados para garantir que os produtos estejam em conformidade com o Acordo de Paris e representem cortes genuínos nas emissões. Ela também monitorará o progresso a cada seis meses, sendo que a Bolívia será responsável por pagamentos inadimplentes se as metas não forem atingidas.