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Bicheiro Rogério Andrade é transferido para presídio federal no Mato Grosso do Sul

Algemado, o bicheiro Rogério Andrade é transferido — Foto: g1

O contraventor Rogério de Andrade, patrono da escola de samba Mocidade Independente de Padre Miguel e o maior bicheiro do Rio, está sendo transferido, nesta terça-feira (12), para o Presídio Federal de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, por determinação da 1ª Vara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio.


O bicheiro deixou a Penitenciária de Segurança Máxima Laércio Pellegrino (Bangu 1), no Complexo de Bangu, na Zona Oeste do Rio, no começo da manhã.


Rogério foi preso no final do mês passado na Operação Último Ato, do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público do Rio de Janeiro (Gaeco/MPRJ). O contraventor é acusado de ser o mandante da morte do rival Fernando de Miranda Iggnácio, em 2020.


O bicheiro deixou Bangu escoltado por 4 viaturas do Serviço de Operações Especiais (SOE), que é o Grupamento de Escolta Penitenciária da Secretaria de Administração Penitenciária (Seap) — e foi levado até a Base Aérea do Galeão, na Ilha do Governador. Lá, uma aeronave da Polícia Federal (PF) o aguarda para fazer a transferência.


O avião com agentes federais o levará voo rumo ao Centro Oeste do país.


A ida do contraventor para o presídio federal foi confirmada na quarta-feira (6) pelo Tribunal de Justiça do Rio (TJRJ), que vinha negociando a transferência com a Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senappen), ligada ao Ministério da Justiça. Ele ficará no Regime Disciplinar Diferenciado (RDD).


Rogério de Andrade, maior bicheiro do Rio, é preso na manhã desta terça-feira, 29, no Rio de Janeiro — Foto: José Lucena/TheNews2/Estadão Conteúdo

Rogério de Andrade, maior bicheiro do Rio, é preso na manhã desta terça-feira, 29, no Rio de Janeiro — Foto: José Lucena/TheNews2/Estadão Conteúdo

Na segunda (4) passada, o TJRJ negou dois pedidos de habeas corpus (HC), impetrados pelo advogado Raphael Mattos, que defende o contraventor.


O primeiro pedia a revogação da prisão preventiva de Rogério. Já o segundo solicitava a suspensão dos efeitos da decisão que determinou a inclusão de Rogério de Andrade no RDD. Os dois pedidos foram negados pela desembargadora Elizabete Alves de Aguiar, da 8ª Câmara Criminal do Órgão Especial do TJRJ.


Briga pelo poder

 


Castor de Andrade era um dos chefões do jogo do bicho no Rio e morreu de infarto em 1997. Iggnácio, que o sogro sempre considerou favorito para sucedê-lo, assumiu esse império e o expandiu com máquinas de caça-níqueis.


Fernando Iggnácio, genro do contraventor Castor de Andrade, foi executado dentro de heliporto na Zona Oeste do Rio  — Foto: Luciano Belford/Agência O Dia/Estadão Conteúdo

Fernando Iggnácio, genro do contraventor Castor de Andrade, foi executado dentro de heliporto na Zona Oeste do Rio — Foto: Luciano Belford/Agência O Dia/Estadão Conteúdo

Rogério é sobrinho de Castor e sempre teve desavenças com o Iggnácio. No fim dos anos 90, Rogério revolveu investir também no caça-níquel e passou a invadir parte do negócio de Iggnácio, dando início a uma guerra sangrenta na família: pelo menos 50 pessoas foram assassinadas na disputa.


Vaivém na Justiça

 


Em março de 2021, o MPRJ tinha denunciado Rogério Andrade como mandante da morte de Iggnácio. No entanto, em fevereiro de 2022, a 2ª Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu trancar a ação penal contra o contraventor, alegando falta de provas.


“Em novo procedimento investigatório criminal, o Gaeco identificou não só sucessivas execuções protagonizadas pela disputa entre os contraventores Fernando Iggnácio e Rogério de Andrade, mas também a participação de uma outra pessoa no homicídio de Fernando: Gilmar foi o responsável por monitorar a vítima até o momento do crime”, narra o MPRJ.


Sem tornozeleira

 


Em abril deste ano, Rogério Andrade retirou a tornozeleira eletrônica que monitorava seus deslocamentos, após uma decisão do ministro Kassio Nunes Marques, do Supremo Tribunal Federal (STF). O contraventor ficou quase 1 ano e meio com a tornozeleira eletrônica e cumprindo recolhimento domiciliar noturno, sem poder sair de casa após as 18h.


A vigilância eletrônica decorria da 2ª fase da Operação Calígula, em agosto de 2022, quando Andrade foi preso ao lado do filho, Gustavo.


Rogério Andrade chega para retirar tornozeleira — Foto: Reprodução TV Globo

Rogério Andrade chega para retirar tornozeleira — Foto: Reprodução TV Globo

Operação Calígula, deflagrada pelo MPRJ no dia 10 de maio de 2022, teve mais de 30 denunciados e 14 presos. Rogério e o filho Gustavo ficaram inicialmente foragidos. O nome de Rogério chegou a constar da lista dos mais procurados da Interpol.


Entre os presos estavam os delegados Marcos Cipriano e Adriana Belém.


Segundo a denúncia do MPRJ que embasou a operação, Rogério Andrade expandia seus negócios de exploração de jogos de azar em vasta área geográfica, mediante a imposição de domínio territorial com violência, além da prática reiterada e sistêmica dos crimes de corrupção ativa, homicídio, lavagem de dinheiro, extorsão e ameaça, dentre outros.


Rogério seria o chefe da organização criminosa que contava ainda com o PM reformado Ronnie Lessa, assassino confesso de Marielle Franco, e a delegada Adriana Belém, que facilitaria as ações do grupo.


O outro lado

 


Em nota, a defesa de Adriana Belém afirmou que “repudia veementemente a afirmação de que ela fazia parte de organização criminosa, sendo certo que o próprio Ministério Público não formulou contra ela acusação de pertencimento à organização criminosa”.


Ainda de acordo com os advogados da delegada, “nos processos em curso, que tratam de outros temas, a defesa vem comprovando a absoluta regularidade dos atos praticados por Adriana e confia que, ao final, ela será absolvida”.


A TV Globo não conseguiu contato com a defesa dos outros citados.


Rogério de Andrade é patrono da Mocidade Independente de Padre Miguel — Foto: Reprodução

Rogério de Andrade é patrono da Mocidade Independente de Padre Miguel — Foto: Reprodução

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