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Acreanos relatam abusos e riscos à vida em curso de medicina

A Universidade Amazónica de Pando (UAP), localizada em Puerto Evo Morales, na Bolívia, fronteira com Plácido de Castro, Acre, enfrenta uma onda de denúncias graves. Com menos de um ano de funcionamento, o campus, inaugurado em abril de 2024 na vila conhecida popularmente como Puerto Evo, na cidade de Bella Flor, é palco de escândalos que vão desde negligência estrutural até acusações de abusos psicológicos e sexuais.


Estudantes da primeira turma de medicina, grande parte acreanos, enviaram uma carta ao ac24horas relatando que esperavam uma estrutura moderna e equipada, como prometido pela universidade. No entanto, as condições reais contrastam com as expectativas. Segundo a carta, a universidade oferece laboratórios sem equipamentos adequados, alagamentos constantes e banheiros improvisados são parte da rotina. “Prometeram tudo e nos entregaram o mínimo possível”, dizem os estudantes.


Recentemente, um incêndio causado por instalações elétricas precárias quase resultou em tragédia. Durante o episódio, foi deixado aos alunos o papel de salvar equipamentos caros, enquanto a direção, segundo relatos, permaneceu omissa.


Segundo os estudantes, o ramal que dá acesso ao campus se transforma em lamaçal durante o período chuvoso, tornando o trajeto quase intransitável para veículos pequenos. Para muitos, a única alternativa é depender de colegas com caminhonetes ou enfrentar longas caminhadas.


Além das dificuldades físicas, os estudantes denunciam cobranças financeiras exorbitantes. São obrigados a custear materiais de laboratório e até eventos acadêmicos, sob a promessa de pontos extras. Contudo, essas recompensas são frequentemente anuladas, causando frustração e prejuízos. “Estamos gastando dinheiro que não temos e, no final, não recebemos nada em troca. É um abuso”, desabafam os alunos.


Segundo os alunos, professores expulsam alunos por motivos banais, como bocejos ou respostas incorretas. Segundo eles, crises de ansiedade e ataques de pânico são comuns, mas não recebem atenção da administração.


Um caso que gerou indignação foi o de uma aluna que, após ser repreendida por um professor, teve uma grave crise emocional sem receber suporte. Além disso, denúncias de abuso sexual vieram à tona, incluindo um caso divulgado nas redes sociais pela ativista Mariely Arruda. Até agora, a universidade não tomou medidas públicas sobre a questão.


Outro episódio polêmico foi o cancelamento de uma prova parcial após alguns alunos serem flagrados colando. A decisão obrigou toda a turma a refazer a avaliação, o que foi considerado injusto, segundo os estudantes. “Eles não conseguem organizar uma prova e nós pagamos o preço”, criticam os estudantes.


Os estudantes dizem viver um pesadelo constante e temem as consequências dessa realidade para suas vidas e carreiras.“Estamos lutando por condições mínimas para aprender e sobreviver. Não queremos que ninguém tenha o mesmo destino trágico que nosso colega Sebastião Peixoto”, afirma, em alusão ao jovem estudante de medicina que cometeu suicídio na semana passada.


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