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Trabalho infantil cai 14,6% no Brasil, mas ainda afeta 1,6 milhão, aponta IBGE

Em 2023, o Brasil ainda tinha 1,607 milhão de crianças e adolescentes em situação de trabalho infantil. • Walter Campanato/Agência Brasil

O número de crianças e adolescentes entre 5 e 17 anos em situação de trabalho infantil no Brasil diminuiu 14,6% em 2023.


Os dados estão contidos na mais nova edição da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua – PNAD Contínua, divulgada na manhã desta sexta-feira (18) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE).


O levantamento revela que o Brasil registrava 1,607 milhão de crianças e adolescentes em trabalho infantil em 2023, contra 1,881 milhão no ano anterior.


Esse é o menor número da série histórica iniciada em 2016, quando o país contabilizava 2,112 milhões de jovens nessa situação.


Os dados indicam que o trabalho infantil já vinha em queda entre 2019 e 2021. A sequência positiva foi interrompida em 2022, subido para 4,9%. Segundo a PNAD, a redução do último ano foi significativa.


Distribuição regional e perfil

A maior parte das crianças e adolescentes em situação de trabalho infantil está nas regiões Norte e Nordeste do país.


No Nordeste, foram registradas 506 mil crianças afetadas, enquanto a maior proporção foi observada no Norte, onde 6,9% dos jovens de 5 a 17 anos estão nessa condição.



Pessoas em situação de trabalho infantil, segundo as Grandes Regiões (1000 pessoas) • Divulgação/IBGE

Além disso, a pesquisa aponta que 20,6% das crianças e adolescentes que trabalham realizam atividades econômicas por 40 horas ou mais por semana.


Apesar do número, 88,4% das crianças em trabalho infantil ainda frequentam a escola, em comparação com 97,5% da população total na faixa etária de 5 a 17 anos.


Pretos e pardos representam quase dois terços (65,2%) das crianças e adolescentes em situação de trabalho infantil no Brasil.


De acordo com a Organização Internacional do Trabalho (OIT), o trabalho infantil é aquele que pode causar dano à saúde e ao desenvolvimento mental, físico, social e moral do indivíduo, além de interferir em sua escolarização.


Setores, informalidade e rendimento

O estudo também aponta que o trabalho infantil está mais presente em alguns setores específicos da economia:


  • • Comércio e reparação de veículos: 26,7% dos jovens
  • • Agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura: 21,6%
  • • Alojamento e alimentação: 12,6%
  • • Indústria geral: 11%
  • • Serviços domésticos: 6,5%

Entre os adolescentes de 16 e 17 anos em situação de trabalho informal, o IBGE estimou 751 mil pessoas em 2023, o que corresponde a uma taxa de informalidade de 73,4%.


Esse número é menor que o de 2022, quando a informalidade atingiu 76,5%, mas ainda é considerado alto.  O rendimento médio mensal de crianças e adolescentes em trabalho infantil foi de R$ 771.


No caso dos jovens que trabalham em condições perigosas, o valor foi de R$ 735. Veja os dados de rendimento médio:


  • • Meninos: R$ 815
  • • Meninas: R$ 695
  • • Pretos ou pardos: R$ 707
  • • Brancos: R$ 875

Afazeres domésticos

Na população estimada de 38,3 milhões de crianças e adolescentes de 5 a 17 anos de idade, em 2023, 52,6% (20,1 milhões de pessoas) realizavam afazeres domésticos e/ou tarefas de cuidados de pessoas.



Pessoas de 5 a 17 anos de idade que realizavam afazeres domésticos e/ou cuidados de pessoas, segundo sexo e grupos de idade (%) • Divulgação/IBGE

 

As atividades consideradas como afazeres domésticos são agrupadas em oito conjuntos, como preparar ou servir alimentos, cuidar da limpeza, limpar ou arrumar o domicílio, ente outros.


Entre as pessoas de 5 a 17 anos de idade que realizavam atividades econômicas, 75,5% também realizavam afazeres domésticos e/ou cuidados de pessoas. Entre aquelas que não realizavam atividades econômicas essa proporção era de 51,7%.


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