Psicóloga acreana cria curso de babysitter ao ficar desempregada e descobre vocação

A descoberta da vocação profissional nem sempre é identificada nas universidades ou no início de um trabalho. Em algumas oportunidades, os momentos de crise são essenciais para se descobrir o talento para desenvolver uma atividade.


Foi o que aconteceu com a psicóloga Anne Caroliny Freze, 29 anos, nascida em Rio Branco, mas que mora em Porto Alegre desde 2017.
A jovem conta que decidiu ir para Porto Alegre para terminar a faculdade. Apesar de ter terminado o curso, enfrentou, muito devido à pandemia, a principal crise financeira de sua vida. “Nesta época eu estudava e trabalhava como recepcionista, conciliando com os estágios da faculdade. Logo após a minha formatura, meus planos de sair de Porto Alegre, não deram certo. E me vi, frustrada tanto no âmbito pessoal, quanto profissional, pois no final da minha formação, tive que me dedicar somente aos estágios obrigatórios e não eram remunerados. Estava na minha pior crise financeira e desesperada por qualquer oportunidade de trabalho ao ponto de explorar opções fora do nível de ensino superior” relata.


Desesperada por qualquer oportunidade para pagar as contas, Anne “virou a chave” ao ver uma propaganda na internet de um sita que contratava babás. “Não por ser psicóloga, mas por ser irmã mais velha responsável e experiente com crianças, eu pensei: “Bom! Isso com certeza, eu sei fazer” e, ao mesmo tempo pensava que era apenas algo provisório. Fui para a entrevista e saí com a certeza de que não iriam me chamar nem pra ser babá! Eu vi que era uma família muito rica financeiramente e eu não tinha experiência profissional com criança. Fui literalmente com a cara e a coragem. Digo isso porque muita gente acha que o meu diploma me diferenciou nesse instante, e não foi”, lembra ao falar sobres sua experiência como babysitter.


A acreana conta que a experiência provisória foi crescendo e com o fim do isolamento da pandemia foi sendo recomendada para outras famílias. “Tive o primeiro contato com a mãe e depois com a criança que eu iria cuidar. E certamente, o que definiu essa vaga, foi meu contato com a criança. Embora depois eu tenha tido muitos desafios com o papel de cuidar como uma profissional e não como “irmã mais velha”. Mas, conforme o isolamento foi deixando de ser parte do caos, eu fui recomendada por essa família e outras famílias me procuravam para atende-las com serviços de baby-sitte”, afirma.


Anne percebeu que apesar do serviço de babá ser algo muito antigo, há falta de conhecimento e preparação para a função que é tão importante. Afinal, alguém que vai cuidar do filho de outra pessoa, precisa ter noções, que vão desde os cuidados de higiene, até a parte de emocional e afetiva. Com o sucesso de seu trabalho, a jovem acreana foi incentivada a compartilhar seus ensinamentos com outras pessoas. Foi aí que decidiu montar um curso que capacitasse outras profissionais.


“Confesso que demorei um pouco pra fazer disso o meu negócio. Mas tudo foi começando a fazer sentido quando eu me permiti querer ser a melhor nisso, já que, eu estava com dificuldade de sair dessa função de cuidadora. Existia uma demanda e eu estava suprindo. Me apaixonava por cada criança que eu conhecia e isso facilitava bastante a qualidade do meu serviço. Até que uma mãe em especial me encontrou e me incentivou a ir além… Transformar meus conhecimentos científicos e práticas de cuidadora em um curso para capacitar outras profissionais”.


Anne conta o seu diferencial que permitiu que em cinco anos, saísse da primeira experiência para se tornar uma referência em outro estado e montar um curso. “Existe um padrão de famílias que me busca, e modéstia a parte, eu criei o meu padrão de excelência em atendê-las, principalmente com relação a minha preocupação com o bem-estar das crianças. Aqui entra o conhecimento de psicologia. Mas, nem sempre eu fui a profissional que eu sou hoje, eu busquei ser o que eu sou, transformando o que eu faço, entregando valor a estas famílias. E tem sido uma troca generosa até agora. Eu realmente percebo que este serviço pode e deve ser bem-visto e bem valorizado. E o meu objetivo com o curso é agregar valor ao serviço de outras profissionais com o mesmo potencial que eu desenvolvo em mim. É um exercício diário. O curso é sobre transformação para quem estuda e vende (cuidadora) seus serviços, para quem solicita (família) o atendimento e para quem usufrui de fato, que são as crianças”, explica.


Para conhecer mais sobre o que acreana ensina no curso: Curso Profissionalizante: Cuidadora Infantil Autônoma, clique aqui.


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