PNUD diz que 1,1 bi de pessoas vivem na pobreza no mundo; metade são jovens

Criança carrega água no Congo (Foto:Goran Tomasevic/Reuters)

Cerca de 1,1 bilhão de pessoas vivem em pobreza aguda em todo o mundo, com 455 milhões de pobres vivendo em países expostos a conflitos violentos, dificultando e até mesmo revertendo progressos obtidos de redução dos níveis de indigência.


Os dados fazem parte da última atualização do Índice de Pobreza Multidimensional (IPM) global, divulgado nesta quinta-feira (17) pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), em conjunto com a Iniciativa de Pobreza e Desenvolvimento Humano de Oxford (OPHI).


O relatório deste ano apresenta pesquisas estatísticas sobre pobreza multidimensional para 112 países e 6,3 bilhões de pessoas, bem como análises da relação entre conflitos internos e externos e pobreza.


Devido à falta de dados, o IPM global é medido ao longo de um período de dez anos (2012-2023) para criar um índice comparável de níveis e tendências globais.


“Os conflitos se intensificaram e se multiplicaram nos últimos anos, atingindo novos recordes de vítimas, deslocando milhões de pessoas e causando interrupções generalizadas em vidas e meios de subsistência”, disse Achim Steiner, administrador do PNUD.


“Nossa nova pesquisa mostra que dos 1,1 bilhão de pessoas que vivem na pobreza multidimensional, quase meio bilhão vive em países expostos a conflitos violentos. Temos de acelerar as ações para apoiá-los. Precisamos de recursos e acesso para intervenções especializadas de desenvolvimento e recuperação precoce para ajudar a quebrar o ciclo de pobreza e crise”, afirmou em nota.


Segundo o estudo, os países em guerra têm privações mais altas em todos os dez indicadores de pobreza multidimensional, ressaltando o impacto devastador do conflito nas populações mais vulneráveis do mundo.


Por exemplo, em países afetados por conflitos, mais de uma em cada quatro pessoas pobres não tem acesso à eletricidade, em comparação com pouco mais de uma em cada vinte em regiões mais estáveis.


Disparidades semelhantes são evidentes em áreas como educação infantil (17,7% contra 4,4%, na mesma comparação), nutrição (20,8% contra 7,2%) e mortalidade infantil (8% ante 1,1%).


A análise conclui que as privações são marcadamente mais severas em nutrição, acesso à eletricidade e acesso à água e saneamento para os pobres em ambientes de conflito em relação aos pobres em ambientes mais pacíficos.


Além disso, a redução da pobreza tende a ser mais lenta nos países mais afetados por conflitos – onde a pobreza costuma ser mais alta. O relatório inclui um estudo de caso aprofundado sobre o Afeganistão, onde mais 5,3 milhões de pessoas caíram na pobreza multidimensional durante o período turbulento de 2015/16 a 2022/23. Nesse último período, quase dois terços dos afegãos eram pobres (64,9%).


Sabina Alkire, diretora da Iniciativa de Pobreza e Desenvolvimento Humano de Oxford, destacou que em países em guerra, mais de uma em cada três pessoas é pobre (34,8%), enquanto em países não afetados por conflitos a proporção é de uma em cada nove (10,9%).


Outros detalhes do relatório:


– Mais da metade dos 1,1 bilhão de pessoas pobres são crianças menores de 18 anos (584 milhões). Globalmente, 27,9% das crianças vivem na pobreza, em comparação com 13,5% dos adultos.


– Grandes proporções dos 1,1 bilhão de pobres carecem de saneamento adequado (828 milhões), moradia (886 milhões) ou combustível para cozinhar (998 milhões).


– Bem mais da metade dos 1,1 bilhão de pessoas pobres vivem com uma pessoa subnutrida em sua casa (637 milhões). No sul da Ásia, 272 milhões de pessoas pobres vivem em famílias com pelo menos uma pessoa subnutrida, e na África Subsaariana, 256 milhões vivem.


– Dos 86 países com dados harmonizados, 76 reduziram significativamente a pobreza de acordo com o valor do IPM em pelo menos um período de tempo.


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