O segundo maior evento religioso da Amazônia, o Novenário de Nossa senhora da Glória, realizado há mais de 100 anos em Cruzeiro do Sul, deverá ser registrado como patrimônio cultural e imaterial do Estado do Acre. A construção do dossiê histórico e cultural sobre a celebração teve início nessa segunda-feira, 30, em um evento realizado no auditório da Fundação Elias Mansour, no município.
O registro é um pedido da sociedade civil cruzeirense e conta com o apoio da Fundação. A historiadora Iri Nobre, gestora de políticas públicas e coordenadora da Divisão de Patrimônio Imaterial do Departamento de Patrimônio Histórico da Fundação, lidera a iniciativa. “Esse registro vai além de Cruzeiro do Sul, ele representa o Vale do Juruá e o Estado do Acre”, destacou, ressaltando a importância do registro para a preservação do patrimônio cultural, garantindo a continuidade e valorização das práticas associadas à celebração religiosa. “Sem o devido cuidado e registro, podemos perder parte dessa memória, por isso nosso papel é garantir que esse bem cultural permaneça vivo”, afirmou.
O dossiê, que será produzido a partir de pesquisas bibliográficas, entrevistas e diálogos com a comunidade local, vai ser apresentado ao Conselho Estadual de Patrimônio Histórico para análise e possível aprovação. A expectativa é que o reconhecimento oficial da celebração seja publicado no Diário Oficial do Estado antes do próximo Novenário, em agosto de 2025.
106 anos de Novenário
O segundo maior evento religioso da Amazônia, o Novenário de Nossa senhora da Glória, é realizado desde 1918. A 106ª edição realizada em Cruzeiro do Sul este ano atraiu cerca de 50 mil pessoas no encerramento do evento, com a procissão. Na terra das ladeiras, nem o tempo quente e seco impediram a demonstração de fé da multidão, que caminhou junto com a imagem da padroeira do município por mais de 3 quilômetros.