O ac24horas esteve nessa quarta-feira (9), em trechos do Rio Acre onde foram detectadas a morte de milhares de peixes e crustáceos sem causa aparente, desde o último domingo (6), e descobriu que criadores de peixe em açudes – sem ligação com o rio -, também relataram perdas, aumentando o mistério sobre o que teria causado o fenômeno (veja o vídeo no fim da matéria).
De acordo com moradores da região do Quixadá, às margens do Rio Acre, no manancial, a morte dos animais foi notada do Igarapé Judia até a comunidade Colibri. A distância entre os pontos é estimada entre cinco a seis horas subindo de motor de rabeta. Nos locais, principalmente nas curvas do rio, centenas de peixes se acumulam, podres, tornando o ambiente insalubre e com a presença de aves de rapina. São vistos mortos peixes de várias espécies, incluindo arraias de até 30 quilos, caranguejos, e há relatos de cobras e tracajás na mesma situação.
José Ribamar, de 58 anos, morador do Quixadá desde que nasceu, disse que situação idêntica foi vivida em 2019. “Já aconteceu antes, a gente passava de barco por cima dos peixes, ninguém investigou e agora aconteceu de novo”, afirmou.
Ítalo Monteiro, produtor rural, disse que desceu de sua colônia para o rio, no domingo, e pensou que o fenômeno se tratava de uma piracema. “Os bruxes estavam na beira do rio, morrendo, a gente pensou que fosse até piracema. Era muito peixe e estranhou que apodreceu rápido”, disse. “Mas um pessoal que cria peixe por aqui também disse que perdeu criação nos açudes”, revelou.
A reportagem encontrou o comerciante Pedro Ferreira, que vende algumas espécies criadas num lago artificial sem ligação com o rio Acre, que corroborou com as informações passadas por Monteiro. “Depois da chuva de sexta-feira (5), no domingo apareceram mortos dois peixes, de barriga pra cima [SIC], uma matrinxã e uma pirapitinga, a matrinxã eu comi, não fez mal, e a pirapitinga tá aqui congelada para se alguém precisar buscar para analisar. Acho que foi da fumaça que desceu na chuva e caiu na água”, opina.
O secretário de meio ambiente da capital, Carlos Nasserala, foi enfático ao classificar as ocorrências como crime ambiental. “Coletamos as amostras, vamos analisar, é um crime ambiental. Se houve algum culpado não vai ficar impune”, disse Nasserala.
O prefeito Tião Bocalom, que participou das coletas, disse que o cenário é de devastação. “A situação aqui é crítica. Alguma coisa muito séria aconteceu aqui e contaminou essa água. Vamos descobrir o que aconteceu, porque é um grande desastre”, classificou.
A orientação dos órgãos de controle ambiental é para que a água do rio Acre não seja utilizada para quaisquer circunstâncias, nem os peixes.