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Morte de jovem por linha com cerol enquanto dirigia no AC completa 1 ano: ‘nossa dor não vai passar’

Fernando Moraes Roca Júnior, de 25 anos, morreu após ser atingido com linha de cerol enquanto dirigia em Rio Branco; caso ocorreu em 5 de outubro de 2023 — Foto: Arquivo pessoal/Cedida pela família

“Até hoje, a gente ainda não conseguiu superar e eu acredito que nunca vamos nos recuperar”.


 


Esta fala é de Misleiny Roca, irmã de Fernando Moraes Roca Junior, de 25 anos, morto no dia 5 de outubro de 2023 após ter sido atingido por uma linha com cerol na veia jugular, na região do pescoço, enquanto dirigia uma motocicleta. O jovem morreu no local, antes mesmo da chegada do socorro, no bairro Nova Esperança, em Rio Branco.


Um ano após a morte de Fernando, que gerou comoção em todo o estado e foi tema de debates e manifestações em busca de esclarecimentos, o g1 conversou com a família dele que relembrou o dia do acidente e as boas memórias que guardam do jovem querido pela família e amigos.


Misleiny contou que no dia em que Fernando morreu, eles almoçaram juntos. Horas após ter visto ele vivo pela última vez, ela recebeu uma ligação de um amigo dele avisando do acidente, pedindo para que ela fosse no local. Naquela ocasião, ela estava nas proximidades, então conseguiu chegar rápido, em cerca de oito minutos.


“Ele [amigo] até comentou que tinha sido com linha [de pipa]. Na hora, eu imaginei que iria encontrar ele [Fernando] machucado, mal, mas nunca imaginei que encontraria meu irmão morto como realmente aconteceu”, disse.


Segundo a irmã da vítima, o socorro chegou muito rápido para tentar os procedimentos médicos cabíveis ao caso de urgência. No entanto, por conta da profundidade do corte ocasionado pela linha com cerol, o rapaz morreu no local.


Caso aconteceu na Rua São Mateus, no bairro Nova Esperança, em Rio Branco, em 5 de outubro de 2023 — Foto: João Marcos Lebre/Arquivo pessoal


Traumas

 


Diante da morte do jovem, do luto e da busca por respostas práticas e efetivas, a família tem se mobilizado e juntou forças para levantar o debate sobre a proibição do uso de linhas de cerol e chilena na prática de soltar pipas.


Misleiny comentouque, inicialmente, eles cobraram a polícia sobre as investigações de possíveis suspeitos pela morte do irmão. No entanto, sem respostas que apontem para um culpado em específico, a luta da família agora é para que outras não passem pelo mesmo sofrimento que eles estão passando, um ano depois da perda repentina de Fernando. O g1 tenta contato com a Polícia Civil.


“Por um tempo, a gente até cobrou bastante a polícia em questão das investigações, mas chegou uma hora que a gente percebeu que eles não iam fazer nada. O delegado até chegou a falar pra gente que não adiantava porque o máximo que ele ia pegar era um homicídio culposo, que não ia nem chegar a ser preso. Então, hoje a nossa luta é pra que não aconteça mais com outras pessoas, que haja fiscalização, denúncias, mas em relação à pessoa que foi responsável pelo acidente do meu irmão, a gente já sabe que isso, infelizmente, ou, felizmente, vai ser somente a justiça de Deus, porque aqui não vai ser.”
— Misleiny Roca, irmã de Fernando Moraes Roca Júnior, morto há um ano por linha com cerol no AC
Fernando Moraes Roca Júnior, conhecido como Fernandinho, foi atingido por linha com cerol enquanto dirigia uma motocicleta no dia 5 de outubro de 2023, em Rio Branco — Foto: Arquivo pessoal/Cedida pela família

Fernando Moraes Roca Júnior, conhecido como Fernandinho, foi atingido por linha com cerol enquanto dirigia uma motocicleta no dia 5 de outubro de 2023, em Rio Branco — Foto: Arquivo pessoal/Cedida pela família

Debates e leis após a morte de Fernando

 


A morte do jovem reacendeu o debate sobre a proibição das linhas com cerol, que já tinha tido lei sancionada em 2020. Uma audiência pública na Câmara Municipal de Rio Branco ouviu, na época, familiares e amigos da vítima sobre o tema e contou também com a fala do promotor de Justiça Rodrigo Curti, titular da Especializada de Tutela do Direito Difuso à Segurança Pública do Ministério Público do Acre (MP-AC).


Naquela ocasião, o magistrado usou a tribuna para cobrar que haja fiscalização e responsabilização para aqueles que ainda insistem em usar linhas cortantes ao soltar pipas.


“Para o MP, não foi uma fatalidade, foi um ato criminoso que precisa ser apurado e responsabilizado o autor. A ideia não é criminalizar o ato da soltura de pipa, mas é responsabilizar aqueles que, de forma irresponsável e criminosa, utilizam de material cortante para soltura de pipas”, disse.


Promotor cobra fiscalização de leis após morte de jovem degolado por linha de cerol: 'não foi fatalidade, foi um ato criminoso' — Foto: Tiago Teles/Asscom MP-AC

Promotor cobra fiscalização de leis após morte de jovem degolado por linha de cerol: ‘não foi fatalidade, foi um ato criminoso’ — Foto: Tiago Teles/Asscom MP-AC

Ele pontuou que a cultura da pipa é algo recorrente e cultural no estado, mas que o uso de produtos já criminalizados não pode mais ser tolerado. Curti destacou ainda que os vereadores devem atuar na fiscalização desta prática de cumprimento da lei.


“Não podemos aceitar que determinado comportamento seja aceito pela sociedade, porque sabemos do risco potencial que ele causa. Não é criminalizar a soltura de pipa, a confecção, isso é muito legal, bonito, o que não podemos aceitar são os materiais cortantes que colocam a vida de outras pessoas em risco de forma irresponsável e criminosa. Estamos falando de homicídio, isso não é uma fatalidade”, complementou.


Familiares e amigos acompanharam audiência pública na Câmara de Vereadores de Rio Branco — Foto: Tiago Teles/Asscom MP-AC

Familiares e amigos acompanharam audiência pública na Câmara de Vereadores de Rio Branco — Foto: Tiago Teles/Asscom MP-AC

 


 


 


 


 


Fonte: G1 Acre


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