Moradores se assustam com tremor de terra e estrondo no interior do Acre: ‘senti minhas pernas tremerem’

Tremor não foi detectado por serviços geológicos, mas foi reportado no site do Centro de Sismologia da USP — Foto: Reprodução/Centro de Sismologia USP

Os moradores do município de Tarauacá, no interior do Acre, relataram um tremor de terra seguido por um forte estrondo na madrugada dessa terça-feira (1). O abalo, porém, não foi registrado por plataformas de monitoramento geológico, mas foi confirmado pelo Corpo de Bombeiros do município e também foi reportado por um usuário do site do Centro de Sismologia da USP.


O promotor de eventos Lucas Dourado, morador do município, conta que estava com a família em frente a casa de um tio no bairro Senador Pompeu por volta de meia-noite quando sentiu o abalo no solo e ouviu um forte estrondo, que pensou ser uma explosão.


“Fiquei assustado e com medo de que fosse uma explosão de algo inflamável, pois houve um forte barulho no momento do tremor. Estava de pé e senti minhas pernas tremerem, além de perceber o chão balançar”, relata.


Ainda segundo Dourado, apesar do susto, ele a família não se feriram nem registraram danos graves no local.


“Foi uma experiência diferente, algo que nunca havia presenciado antes. Tanto minha família quanto meus amigos ficaram muito assustados e preocupados”, acrescenta.


De acordo com o comandante da corporação, capitão Marcos, agentes que estavam de plantão no quartel sentiram o tremor, mas informaram que não foram acionados para ocorrências graves relacionadas ao tremor.


A corporação está verificando casas e prédios do município para avaliar relatos de rachaduras em paredes e danos semelhantes.


“Alguns integrantes da guarnição, que estavam aqui no quartel, perceberam o abalo. Mas, não tivemos nenhuma solicitação, fizemos algumas verificações também e não constatamos nenhum dano até o presente momento. E nem fomos informados por nenhum morador que tenha sido prejudicado por esse abalo”, explica.


Falha geológica

 


Tarauacá, distante cerca de 408 km de Rio Branco — Foto: Arquivo/Gleilson Miranda/Secom

Tarauacá, distante cerca de 408 km de Rio Branco — Foto: Arquivo/Gleilson Miranda/Secom

A cidade de Tarauacá, distante cerca de 408 km da capital Rio Branco, é uma região onde abalos sísmicos não são novidades. Em janeiro deste ano, no espaço de oito dias dois tremores foram detectados no município, sendo um de magnitude 6,6 e outro de magnitude 6,5.


Ambos os abalos foram registrados por plataformas de monitoramento e tiveram epicentro a cerca de 600 quilômetros da superfície. À época, um dos tremores foi sentido até mesmo na capital acreana, e moradores relataram ver móveis de casa balançarem.


Em junho de 2022, um terremoto de magnitude 6,5 atingiu a região da fronteira entre o Peru e o Brasil. O tremor ocorreu por volta de 22h no horário de Brasília, a uma profundidade de 616 km e a cerca de 111 km da cidade de Tarauacá, no Acre.


Ainda em 2022, o professor e doutor em geografia da Universidade Federal do Acre (Ufac), Waldemir Lima dos Santos, explicou que o município é o que mais registra terremotos e com grandes magnitudes no estado acreano.


O professor é autor do projeto “Eventos Tectônicos no Acre: Levantamento e caracterização inicial da ocorrência de terremotos”, desenvolvido no laboratório de geomorfologia e sedimentologia da Ufac. O material estuda abalos sísmicos no estado acreana entre 1950 e 2016. Segundo o estudo, entre os anos 2000 a 2016 foram registrados 38 terremotos no Acre com magnitude acima de 5 graus. A maioria na cidade de Tarauacá.


A explicação para esses eventos, conforme o especialista, seria uma possível falha geológica porque o município fica dentro de uma grande depressão. Ele complementa o seguinte:


“A cidade está dentro de uma grande depressão, então, temos lá o Platô de Cruzeiro do Sul, que é parte alta, e depois descemos Tarauacá, Feijó, até Sena Madureira [cidades do interior], onde tem uma grande depressão no estado, que chamamos de depressão Juruá/Iaco. Depois temos uma planície que pega Rio Branco até Acrelândia. É possível que nessa região, como os terremotos ocorreram em linha, se você olhar no mapa vai estar alinhados, pressupõe que haja uma falha geológica naquele município, que corta, inclusive, o Acre ao meio”, frisou.


Fonte: G1 Acre


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