Laboratório que errou testes de HIV é acusado de engano em exame de gestante

Tatiane Andrade, 31 anos, moradora de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. • Reprodução

Uma mulher denuncia o PCS Lab Saleme por um exame falso positivo de HIV, logo após o nascimento de sua filha, em Nova Iguaçu, no estado do Rio de Janeiro.


O laboratório é o mesmo que errou dois testes de HIV que resultaram na infecção de seis pacientes com o vírus. A empresa é investigada pela Polícia Civil do RJ e pela Polícia Federal por emitir e falsificar laudos médicos. 


Tatiane Andrade, de 31 anos, contou à CNN que realizou o teste em setembro de 2023, três horas após o parto de sua bebê. O exame havia dado positivo para o vírus, mas na verdade estava errado.


A bebê nasceu no hospital NeoMater no dia 14 de setembro de 2023. A unidade possui convênio com o PCS Lab Saleme, portanto, os exames eram realizados somente pelo laboratório, segundo Tatiane.


A mãe realizou o teste HIV 1 e 2 Antígeno e Anticorpo, que apontou “reagente para o vírus” com um resultado muito acima do normal. Veja o teste abaixo.


Crédito: Reprodução

 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


Segundo Tatiane, um infectologista que conversou com ela após o resultado afirmou que a leitura de 20,94 é vista em pacientes nos quais o vírus já está em um nível muito avançado. Porém, dois meses antes do nascimento de sua filha, a mulher realizou o mesmo exame, que havia dado negativo para HIV.


Ao ser informada do teste positivo, um médico e uma psicológa informaram que teriam que secar o leite da mulher, por causa do risco de infecção à bebê. Por esse motivo, Tatiane também não pôde amamentar.


O exame do PCS Lab foi assinado pelo sócio e responsável técnico da empresa, Walter Vieira. Ele foi preso na manhã desta segunda-feira (14). 


Por causa do resultado incorreto, sua filha tomou um coquetel de medicamentos antirretrovirais por 28 dias, que a deixou anêmica no final do período. Ela já havia nascido de um parto de emergência e prematura de 8 meses, com 2,7 kg.


“Ela tomou remédios fortíssimos por causa de um erro. O que mais me chateia é que eles viram que estavam errados e eram muito enrolados”, desabafou.


No dia 19 de setembro de 2023, a mulher passou por um exame “contra prova” no hospital, para verificar o laudo do teste inicial. Por dias, ela não foi avisada do resultado, até que foi ao NeoMater no final do mês e foi informada pelo hospital que o teste havia sido “inconclusivo“, e que deveria refazer o exame em outra unidade de sua preferência.


Segundo Tatiane, ela não o laudo deste exame “contra prova”, neste momento. 


Nos meses de outubro e novembro de 2023, Tatiane refez o exame em duas clínicas: Laboratório Eliel Figueiredo e Espaço Cuidar Bem. Os dois deram negativo.


Após entender o erro do PCS Lab Saleme, em janeiro de 2024, a mulher foi a sede do laboratório cobrar o laudo do exame “contra prova”. Na época, ainda afirmou que se o documento não fosse entregue, ela chamaria a imprensa.


Neste momento, o laboratório a entregou o laudo. Dessa vez, ao invés de “inconclusivo”, o resultado apontado era “não reagente para HIV”. 


Após descobrir a investigação contra o PCS Lab pela imprensa, Tatiane registrou um boletim de ocorrência sobre o caso na 56ª DP (Comendador Soares), na tarde desta segunda-feira (14).


Segundo a Polícia Civil, a vítima foi ouvida e diligências estão em andamento para apurar os fatos.


 


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