O réu confesso Juscelino Romeu de Almeida, de 45 anos, foi condenado a 32 anos e seis meses de prisão pela morte e ocultação de cadáver da jovem Rayres Silva Ferreira, de 23 anos, que desapareceu após um encontro no dia 21 de agosto de 2023, em Brasiléia, no interior do Acre.
O júri popular, ocorrido na última sexta-feira (18), considerou Almeida culpado de homicídio qualificado por meio cruel, motivo torpe e feminicídio contra a jovem. Ele era ex-namorado de Rayres.
Após a condenação pelo júri, o juiz de Direito Clovis fixou a pena de Almeida em 30 anos pelo homicídio e dois anos pela ocultação do corpo da jovem. À polícia, ao ser preso, ele confessou ter esquartejado e jogado os restos mortais de Rayres em um rio. Porém, nenhum vestígio do cadáver foi encontrado.
Na dosimetria da pena, o magistrado levou em consideração os seguintes fatores:
- • Culpabilidade: o acusado agiu com culpabilidade reprovável, porquanto levou a vítima para residência do seu genitor e, enquanto dormia, matou e ocultou o cadáver e fugiu para Bolívia.
- • Antecedentes: o réu é portador de maus antecedentes.
- • Conduta social: não houve nos autos informações sobre a conduta dele, e o item foi julgado em seu favor.
- • Personalidade: também não houve informações a respeito da personalidade de Almeida, e o item também foi julgado em seu beneficio.
- • Motivo do crime: o motivo foi utilizado para qualificar o crime.
- • Circunstâncias do crime: desfavoráveis, considerando que o réu levou a vítima para residência do seu genitor e, “aproveitou o local ermo, de difícil acesso e o período noturno, para matar a vítima”.
- • Consequência do crime: desfavoráveis, já que a vitima era jovem e deixou filhos órfãos.
Além da pena de reclusão sem direito a recorrer em liberdade, Almeida também deverá indenizar a família de Rayres em R$ 30 mil.
Prisão
O suspeito foi preso em uma vila no município de Lábrea, no interior do Amazonas. A polícia soube que ele havia sido recrutado para trabalhar em uma fazenda no estado vizinho. Lá, o suspeito ficou sabendo das buscas, e seguiu para a Vila Curuquetê. Ele foi encontrado e preso em um bar.
Em interrogatório, Juscelino de Almeida confessou que matou, esquartejou e jogou o corpo de Rayres no rio. Ele ainda indicou o local onde teria jogado os restos mortais da vítima.
O delegado responsável pelas investigações, Erick Maciel, disse na época que o suspeito demonstrou frieza e contou com detalhes como matou Rayres. Após o relato, o Corpo de Bombeiros foi acionado para fazer novas buscas no Rio Acre, contudo, não foi encontrado nenhum vestígio da vítima.
“Na casa, indicou onde começou a esganar ela, mostrou como jogou o corpo. Disse que esquartejou ela no rio mesmo, decapitou e abriu o tronco para dar facilidade para a fauna marinha comer. Ele falou que abriu o corpo já para essa facilidade. Ele falou tranquilamente como fez, como esquartejou. Surpreende até a gente que já ouviu muita coisa”, relatou.
Maciel diz lamentar não poder entregar o corpo da vítima para família enterrar. “Tentamos diversas vezes, mas nada ainda, não há vestígio e nem fragmento de osso”, lamentou.
Feminicídio
Ainda durante o depoimento, suspeito alegou que a vítima estava planejando o roubo de uma caminhonete do chefe dele e que o chamou para executar o crime. No entanto, a jovem teria se arrependido e já estava armando com uma outra pessoa de matar Almeida.
“Essa alegação não tem sustentação, é uma versão só dele, isolada. Eles moravam juntos na casa de um idoso, mas saiu da cidade, levou as coisas dela e estavam separados. Acredito que atraiu ela para falar sobre o relacionamento, ela hesitou em voltar, ele perdeu a cabeça e fez isso”, concluiu.
Desaparecimento
Rayres desapareceu no dia 21 de agosto. De acordo com o delegado Erick Maciel, foi apurado que a jovem estava em uma casa com um homem que seria Juscelino Almeida. Foram colhidas imagens de câmeras de segurança que mostram o momento em que ela chega ao local, que fica ao lado do Rio Acre, e, por isso, foram feitas buscas no rio e na região às margens.
Durante as buscas, foram encontradas peças de roupa e uma bicicleta. Por meio das filmagens, a polícia constatou que os objetos encontrados pertencem a Rayres.
Durante as diligências, a Polícia Civil encontrou sangue em um dos quartos da casa onde ela esteve pela última vez, e também no trajeto entre a residência e o Rio Acre.
A casa é da família do ex-namorado da jovem, que chegou a morar no local quando estava com ele. Há cerca de um mês, o casal se separou e Rayres deixou o lugar. Recentemente, o ex-namorado dela também deixou a casa e foi trabalhar na zona rural.
Em depoimento, o pai do suspeito contou que viu quando Rayres chegou na casa e ficou conversando com o filho dele na parte de trás. Após alguns minutos, o idoso afirmou ter ouvido um barulho de briga vindo do quarto e foi checar o que era.