O cantor Gusttavo Lima falou publicamente sobre as investigações contra ele por suposta lavagem de dinheiro em plataforma de jogos online. Ele explicou como se deu contratos com empresas de bet, se defendeu de acusações, disse que disponibilizou seus documentos para as autoridades e ainda apoiou a regulamentação do mercado de apostas no Brasil.
“Jogo não é renda. Jogo é diversão. Eu acho realmente que o governo tem que tomar uma medida protetiva contra isso porque a gente está falando de educação financeira, que já tinha que ter sido implantada no ensino do Brasil há muitos anos, na minha opinião (…). A gente deseja que haja uma regulamentação que pode proteger os meios de pagamento, a casa, os apostadores e, lógico, destinar uma parte desse imposto para o Brasil, para a saúde, a educação. Acho que é o que mais importa nesse momento”, disse o sertanejo ao portal Migalhas.
Na mesma entrevista ao portal especializado em Direito, o artista ainda diz que tem documentada toda a sua relação com a empresa de aposta “Vai de bet” e contou ter rompido contrato de imagem após a operação deflagrada pela polícia.
“Contra documentos não há argumentos. A gente tem toda a documentação, todos os contratos, notas fiscias, tudo. Eu ainda perguntei ao meu advogado: ‘Doutor, o que nós fizemos de errado?’. Ele disse: ‘Simplesmente não tem como explicar’. A gente enviou todo o nosso material para a Justiça de Pernambuco, que sequer, na primeira parte, foi analisada”, disse Gusttavo Lima.
Viagens em meio a investigação
O sertanejo disse ter sido surpreendido com o pedido de prisão contra ele. A Justiça de Pernambuco depois revogou o pedido de prisão preventiva do cantor. Após o ocorrido, Gusttavo – que estava na Grécia no início da operação que investiga lavagem de dinheiro e jogos ilegais – viajou para os Estados Unidos. Ele também abriu o jogo sobre as viagens ao Migalhas:
“Quando a Polícia Civil foi no nosso escritório, a gente estava na Grécia. O doutor Cláudio (advogado) ainda ligou para a equipe da polícia e falou: ‘O que vocês estão procurando está na gaveta tal, junto com tal, pode levar tudo, o resto está tudo digitalizado’. Estamos desde o começo de boa fé. Agora, fazer essa nuvem toda, como se o Gusttavo fosse o culpado de tudo isso eu acho uma grande loucura”.
Sobre Miami, após ter o pedido de prisão revogado, ele disse:
“Aí já falam que eu dei guarida, que eu fugi, que não sei o que. Que loucura é essa! Estou a disposição da Justiça. (…) Nunca vou fugir da raia. Fui para Miami, a gente tem negócios lá. Inclusive tem show agora nesse mês de outubro, dia 19, e dia 26 em Boston. Estou pra lá nesse tempo pra estruturar esses eventos”.
Suspensão de contrato
Gusttavo Lima disse que suspendeu contrato com a “Vai de bet” depois que a operação foi deflagrada e se defendeu das acusações:
“Em 2022 (quando Gusttavo diz ter assinado com a “Vai de bet”) não existia nada contra os donos da “Vai de bet”, então, assim, era totalmente achismo. Tanto que nesses dois anos a gente cumpriu tudo certinho. E desde que começou todo esse barulho dessa operação, a gente suspendeu o contrato de imagem com a “Vai de bet”. Quebra o meu bloqueio financeiro, pode olhar tudo, não tem nada para esconder”.
O cantor diz na entrevista que nunca imaginou estar passando por isso e que tem recibo muito apoio dos fãs. Além de agradecer as mensagens que vem recebendo e a Justiça por ter analisado seu pedido de habeas corpus, ele afirmou ao portal:
“Eu nem sei como lava dinheiro. A minha vida foi inteira fazendo a coisa certa. Eu sou um cara que faço questão de que isso seja apurado o mais rápido possível”.
O sertanejo voltou a afirmar que sua relação com a empresa investigada na operação era de publicidade.
“(…) Esses dois anos eu fui garoto propaganda da “Vai de bet”, não sou dono, nunca fui proprietário. Auxilei a empresa no que foi preciso como parte do meu contrato, do que eu tinha para entregar. Essa teoria, esse achismo de querer me ligar a tudo isso como se eu fosse o chefe do negócio….”, disse ele.
Investigação por lavagem de dinheiro
A operação da Polícia Civil de Pernambuco aponta a relação de Gusttavo Lima com os outros indiciados, através da transferência de milhões de reais e a compra e venda de bens valiosos. Para a Justiça, essa relação é descrita como “espúria e duvidosa”, questionando sua veracidade.
“Deve ser encarada com extrema cautela, uma vez que, em tese, apresenta características espúrias e duvidosas. No dia 1º de julho de 2024, Nivaldo Batista Lima adquiriu uma participação de 25% na empresa Vai de Bet, o que acentua ainda mais a natureza questionável de suas interações financeiras. Essa associação levanta sérias dúvidas sobre a integridade das transações e a legitimidade dos vínculos estabelecidos”, diz o documento emitido pelo Poder Judiciário de Pernambuco, na ocasião do pedido de sua prisão preventiva, no último dia 23.
No mandado de prisão, assinado pela juíza Andrea Calado da Cruz, da 12ª Vara Criminal do Recife, um dos argumentos da Justiça de Pernambuco foi uma carona que o cantor deu ao casal José André e Aislla que viajou de Goiânia para a Grécia a bordo de seu jatinho. Eles são investigados na operação, o que também embasou a decisão, que levou em consideração a relação do sertanejo com os demais investigados. A juíza cita que Gusttavo Lima deu “guarida a foragidos”.
“A gente viajou no dia 1º e o mandado das investigações foi no dia 4, ninguém sabia. Fomos pegos de surpresa, desenrolamos o que tinha que fazer ali e os proprietários do ‘Vai de bet’ seguiram uma viagem e a gente outra. Não dei guarita para ninguém”, afirmou o cantor em live.
Venda de avião
No mesmo vídeo feito ao vivo, em setembro, o sertanejo pediu para que seu advogado, Claudio Bessas, explicasse a venda do seu avião, que foi vendido duas vezes entre os anos de 2023 e 2024 para investigados na operação. Segundo Bessas, houve um erro na primeira venda porque a aeronave estava com um problema, então a venda foi cancelada e depois refeita.
No dia 4 de setembro, quando Deolane Bezerra e a mãe, Solange, foram presas (as duas foram alvo da mesma mesma operação e depois foram soltas), a mesma operação policial prendeu um avião que estava registrado como propriedade da empresa Balada Eventos e produções, de Gusttavo Lima.
No registro da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), a empresa aparece como proprietária da aeronave. São sócios e administradores da firma a Gsa Empreendimentos e Participações Ltda e Nivaldo Batista Lima, nome de registro de Gusttavo Lima.
Apesar disso, segundo o registro da Anac, a aeronave é operada pela empresa JMJ PARTICIPACOES LTDA, que também aparece como dona do helicóptero apreendido na operação, em Campina Grande. A JMJ é de propriedade de Jorge Costa Guimaraes Junior, Julio Cesar Lago Guimaraes e Marco Antonio Lago Guimaraes.