O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, discursou nesta quinta-feira (24) na sessão ampliada da Cúpula dos Brics, realizada em Kazan, na Rússia. Durante a fala, o líder bolivariano teceu elogios ao modelo adotado pelo bloco e se portou como se a Venezuela fizesse parte da coalizão de países emergentes.
“A Venezuela faz parte dessa família dos Brics. E agradeço ao convite porque foi a primeira vez que um presidente da Venezuela participa de uma Cúpula dos Brics com essa característica”, disse Maduro.
A fala contrasta com a realidade apresentada na cúpula deste ano.
A Venezuela não está no grupo de 13 países que devem ser convidados a compor o bloco. A ausência de Caracas é fruto de uma articulação da diplomacia brasileira, que apelou ao princípio da consensualidade para barrar a indicação.
Ainda assim, na fala desta quinta-feira, Maduro ecoou diversos argumentos adotados pelo Brasil nos fóruns internacionais — inclusive com uma referência direta ao chanceler Mauro Vieira.
Entre as convergências está a crítica à guerra de Israel contra o Hamas. Segundo Maduro, a comunidade internacional precisa garantir que o governo de Benjamin Netanyahu seja responsabilizado pelas vitimas civis no enclave palestino.
Segundo o Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas, em pouco mais de um ano de ocupação mais de 42 mil palestinos morreram.
“Toda vez que um míssil de precisão atinge um prédio residencial em Gaza ou no sul do Líbano, matando homens, mulheres e crianças, são mísseis que incendeiam o sistema das Nações Unidas. Onde está a Corte Internacional de Justiça? Aonde está o sistema de justiça das Nações Unidas? E a vida das crianças na Palestina, não tem valor?”, questionou Maduro.
O presidente venezuelano também reforçou a necessidade da reforma do sistema de governança da comunidade internacional, citando o chanceler brasileiro, Mauro Vieira.
Mais cedo, também na sessão ampliada, Vieira retomou o compromisso aventado pelo presidente Lula durante a Assembleia Geral da ONU, em Nova York de convocar uma constituinte para reformular a Carta das Nações Unidas.
Maduro defendeu, também, a construção de um sistema de pagamentos internacionais que seja independente do Swift, que comanda as transações atualmente.
A medida é uma prioridade dos países que sofrem com sanções aprovadas pelo Conselho de Segurança da ONU ou com punições unilaterais, impostas por países da Europa ou pelos Estados Unidos.
É o caso de Caracas e do anfitrião da Cúpula dos Brics deste ano, a Rússia.
“A Venezuela foi retirada de todos os sistemas de pagamento mundiais como se fosse um castigo econômico para as questões de mudanças políticas que todos temos ciência. É realmente importante ter uma combinação das moedas fortes da superpotências com também o direito de cada um de nós termos moedas dos nossos próprios países”.