Na noite de terça-feira (1º), o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e sua comitiva se preparavam para retornar do México quando o avião presidencial sofreu um problema técnico no motor.
Pelas próximas horas, a aeronave teve de voar em círculos sobre o México para que pudesse queimar combustível, ficar mais leve e pousar em segurança.
Devido a falha, a comitiva voltou em outro avião. A aeronave presidencial ficou no México, onde é analisada por dois militares do Centro de Investigações e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa).
O episódio reacendeu o debate: a troca da aeronave presidencial. O A-319 em questão foi comprado ainda no primeiro mandato de Lula, em 2004.
Desde então, novas tecnologias foram desenvolvidas, o que deixou o equipamento defasado. Na avaliação de especialistas ouvidos pela CNN, a aeronave deveria ser trocada por uma mais segura e com os equipamentos adequados para atender as necessidades de um chefe de Estado.
“Realmente, é necessario a substituição dessa aeronave para uma que tenha mais autonomia, que consiga voar com pelo menos uma escala, por exemplo, de Brasília até Tóquio. Hoje é necessário fazer duas, às vezes até três escalas, isso é um risco realmente pro presidente”, avalia José Augusto Zague, pesquisador do grupo de estudos de defesa e segurança internacional da Unesp.
O especialista também aponta que com os modelos modernos, o presidente poderia também trabalhar do avião graças a novos sistemas de comunicação por satélite.
E para o piloto de Boeing 777 Rafael Santos, essa é uma questão de eficiência de trabalho não só para o chefe de Estado, mas para todos os envolvidos na operação.
“A gente associa avião ou aviação ao luxo, passeio ou lazer, o avião é uma ferramenta de trabalho, seja o avião do presidente seja o avião do executivo de um grande banco, ou funcionário que vai viajar para atender a alguma coisa, o avião é um gerador de receitas, ele não é um luxo”, diz Santos.
Mas, ainda assim, a questão da segurança ainda se sobressai, pontua Enio Beal, ex-piloto de aeronave presidencial.
“Existe um cuidado muito grande ao se executar esse tipo de voo, com muitos requisitos e critérios para que a segurança seja sempre colocada em primeiro lugar, acima incusive do conforto. Então, por esse motivo, eu não tenho dúvida nenhuma de que é fundamental que um país como o nosso tenha que ter uma aeronave presidencial”, reforça Beal.
A Força Aérea Brasileira (FAB) também defendeu a substituição do avião presidencial. A avaliação é que essa não é uma mera questão de segurança da pessoa do presidente, mas de segurança nacional.
O ex-ministro da Defesa Aldo Rebelo reforça o ponto e ressalta que o avião presidencial não é destinado apenas ao mandatário, mas sim uma propriedade em função do governo como estrutura.
“É um avião da Presidência em função da segurança nacional, da segurança da presidência da República e da administração compatível da agenda do presidente com as dimensões continentais do país, além das viagens internacionais”, afirma Rebelo.