A ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, garantiu que permanecerá no cargo e disse que uma eventual saída do governo depende de uma decisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Gonçalves deu as declarações na terça-feira (22), após reportagens publicadas pelo site Alma Preta darem conta de supostas acusações de assédio moral por parte da ministra.
De acordo com a publicação, Cida Gonçalves e a secretária-executiva do ministério, Maria Helena Guarezi, teriam praticado assédio moral contra funcionárias e ex-funcionárias da pasta. Dezessete pessoas teriam relatado os supostos episódios.
Em um dos relatos, segundo o site Alma Preta, Cida Gonçalves teria demitido uma secretária por priorizar a campanha eleitoral em detrimento de suas atribuições na pasta. Também há denúncias de racismo, supostamente praticado por Maria Helena.
Os relatos sobre assédio moral contra Cida Gonçalves envolvem, principalmente, a secretária de Articulação Institucional, Ações Temáticas e Participação Política da pasta, Carmen Foro, exonerada no dia 8 de agosto.
Após a demissão, a ministra teria ameaçado, em reunião, demitir as funcionárias que integravam a equipe de Carmen.
Segundo o Alma Preta, houve uma série de relatos de síndrome de burnout, crises de pânico e ansiedade por causa do ambiente tóxico de trabalho no ministério. Desde o início da gestão da ministra, houve 59 demissões registradas no Diário Oficial da União.
Ao site Poder360, a ministra das Mulheres afirmou que seguirá trabalhando normalmente no governo – uma nota oficial do ministério sobre o caso deve ser divulgada a qualquer momento.
As denúncias já estão sendo investigadas pela Controladoria-Geral da União (CGU). Em nota, o órgão informou que solicitou, na segunda-feira (21), informações à pasta sobre as acusações contra a ministra e a secretária-executiva.
Solidariedade a Anielle Franco
Em setembro, Cida Gonçalves manifestou solidariedade à ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, que relatou ter sido vítima de assédio sexual por parte do ex-ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania Silvio Almeida, demitido por Lula. Ele nega as acusações.
“A prática de qualquer tipo de violência e assédio contra a mulher é inadmissível e não condiz com os princípios da Administração Pública Federal e da democracia”, disse o ministério, em comunicado, à época.
“Ressaltamos que o Estado brasileiro é signatário de acordos internacionais que asseguram de forma direta ou indireta os direitos humanos das mulheres, bem como a eliminação de todas as formas de discriminação e violência baseadas no gênero”, prosseguiu a pasta.