Suspeita de vazamento de radiação em hospitais do Acre será investigada

Imagem do hospital de Sena Madureira com montagem de imagem da internet

Visitas técnicas realizadas pelo Sindicato dos Médicos do Acre (SINDMED-AC) aos hospitais de Feijó, Sena Madureira, e Manoel Urbano, onde aparelhos de Raio-X funcionam plenamente em salas improvisadas sem o devido isolamento e contenção da radiação, levantou a suspeita grave de que a população da região das unidades e pessoas circularam dentro dos hospitais podem ter sido expostas a altas dosagens de radiação. Uma denúncia foi encaminhada ao Ministério Público Estadual, Conselho Regional de Medicina, Secretaria Estadual de Saúde (SESACRE ), e será enviada também para a Comissão Nacional de Energia Nuclear.


De acordo com o SINDMED, durante as inspeções, os representantes sindicais identificaram ausência de estruturas adequadas para barrar a potencial contaminação de radiação usada pelos aparelhos.


Em Sena Madureira, por exemplo, o aparelho de Raio-X está apontado para uma parede que dá para o lado da rua. De acordo com a apuração preliminar, isso significa que os vizinhos da frente da unidade podem estar recebendo doses diárias de radiação primária, enquanto a radiação secundária, de menor intensidade, se espalha ao redor e, mesmo sendo menos potente, acaba sendo perigosa devido à frequência.


Raio-X em Sena Madureira I SINDMED/Foto: cedida

“O caso de Sena Madureira já foi discutido pelo Sindicato em reuniões com autoridades realizadas na Sesacre. Existem até denúncias anteriores, quando uma situação semelhante ocorreu no antigo pronto-socorro. A situação está se agravando e trazendo riscos para a população”, explicou o vice-presidente do SINDMED, Rodrigo Prado.


Há a suspeita de que até mesmo o prédio do Ministério Público Estadual de Sena Madureira pode estar recebendo radiação secundária proveniente do aparelho de Raio-X, uma vez que está próximo ao pronto-socorro improvisado, potencialmente expondo todos os trabalhadores desse espaço.


Em Feijó, o equipamento está no almoxarifado, apontado para a frente provisória do hospital. Assim, pacientes, acompanhantes e, principalmente, os servidores podem estar recebendo rajadas de radiação primária, enquanto o material disponibilizado dentro da sala acaba contaminado com a radiação secundária.


Raio-X em Feijó funciona em almoxarifado I SINDMED/Foto: Cedida

“Essa é uma situação gravíssima que deve ser investigada pelas autoridades competentes na área, por isso pediremos ajuda à Comissão Nacional de Energia Nuclear”, detalhou Rodrigo Prado.


Denúncias também apontam que a unidade de Manoel Urbano enfrenta situação semelhante, o que levanta um alerta sobre a eficiência do isolamento em todas as unidades do estado.


O objetivo da denúncia e do pedido de apuração, segundo o sindicato, é evitar algo semelhante à catástrofe ocorrida em 1987, em Goiânia, quando a exposição ao Césio-137 (137Cs) resultou na morte de pessoas. Na época, indivíduos acabaram violando uma máquina abandonada em uma unidade de saúde, levando o material radiológico para casa por acreditar que era um objeto de valor.


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