O policial civil Elves Gomes de Lima foi preso em Rio Branco suspeito de envolvimento na morte de Antônio Luan Menezes Viana, 21 anos, e tentativa de homicídio contra um adolescente de 16 anos em Feijó, interior do Acre, na noite da última sexta-feira (20). A prisão do servidor público ocorreu nesta terça (24).
Elves de Lima já havia sido denunciado em janeiro deste ano pelo Ministério Público Estadual (MP-AC) pelos crimes de abuso de autoridade e lesão corporal praticados contra um homem dentro da delegacia de Feijó. (Veja os detalhes abaixo).
Na época, o MP-AC pediu o afastamento do servidor público. Porém, ele ainda não estava afastado do cargo.
Em nota, a Polícia Civil explicou que encaminhou um delegado da Corregedoria-Geral para Feijó logo que soube do suposto envolvimento do agente. Durante as investigações, o delegado pediu a prisão preventiva dele e de outro suspeito, que não teve a identidade divulgada.
Os mandados de prisão foram autorizados pela Justiça. “Atualmente as investigações continuam em curso, sob a presidência da Corregedoria-Geral da Polícia Civil”, resumiu.
O g1 não conseguiu contato com a defesa do policial.
Ataque
Antônio Luan e o adolescente tomavam tereré com amigos quando um carro parou na rua e eles se aproximaram para ver quem era. Ao chegaram perto do veículo, os rapazes e os amigos foram baleados, sendo Antônio Luan atingido com um tiro nas costas e o adolescente ferido no pé.
Uma pessoa que estava na calçada filmou o ataque e o carro saindo após os disparos. No último sábado (21), a polícia informou que não foi possível identificar o carro, mas que era um veículo na cor prata.
Também ao g1, o delegado Ronério Silva, contou que as duas vítimas socorridas pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e levados para o hospital do município. Por conta da gravidade, Antônio Luan foi levado de avião para Cruzeiro do Sul, contudo, morreu durante a madrugada.
A PM-AC confirmou também que os dois rapazes têm envolvimento com grupos criminosos e, por conta disso, reforçou o policiamento em Feijó para evitar possíveis represálias.
Um equipe da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) foi para a cidade ajudar nos trabalhos investigativos. Em depoimento, o adolescente que sobreviveu ao ataque contou que os suspeitos são de uma facção criminosa rival.
Desde o dia do crime, o nome de um policial civil começou a ser mencionado como suspeito dos disparos.
Denunciado
Em janeiro deste ano, a Promotoria de Justiça Criminal de Feijó do MP-AC ofereceu denúncia contra o policial civil Elves Gomes de Lima, acusado de abuso de autoridade e lesão corporal contra uma pessoa que buscou proteção policial.
Os crimes ocorreram em agosto de 2022. A vítima buscou a polícia após ser agredida por um adolescente com chute enquanto conversava com vizinhos. A vítima relatou também que chamou a Polícia Militar, mas que os militares não deram importância ao ocorrido e um dos policiais ainda tentou intimidá-lo apertando seu ombro com força.
A vítima foi levada para a delegacia do município e lá, segundo a denúncia, enquanto prestava depoimento para Elves de Lima, sofreu descriminação e ofensas homofóbicas por parte dos policiais militares. Ao reclamar, a pessoa disse que levou um tapa no rosto desferido pelo policial civil.
A agressão fez a vítima cair e ferir o olho. Elves de Lima teria ainda desferido dois chutes nas costelas da vítima e feito diversos xingamentos. Após as agressões, a vítima foi colocada à força em uma cela onde ficou até às 7h do dia seguinte.
A pessoa buscou atendimento médico no Hospital de Feijó, onde foi submetida a exame de corpo de delito.
Veja nota da Polícia Civil na íntegra:
A Polícia Civil do Estado do Acre informa que tomou conhecimento da morte de Antônio Luan Menezes Viana, de 21 anos, ocorrida na noite de sexta-feira, dia 20 de setembro de 2024, no município de Feijó, e de imediato encaminhou um delegado de Polícia Civil da Corregedoria-Geral à cidade para presidir as investigações, haja vista as informações iniciais do envolvimento de um policial civil na conduta criminosa.
No curso das investigações, o delegado de Polícia Civil representou pela prisão preventiva de um policial civil e de outro indivíduo, tendo sido concedida pelo juízo daquele município e cumprida pela Polícia Civil.
Atualmente as investigações continuam em curso, sob a presidência da Corregedoria-Geral da Polícia Civil.
Fonte: G1 Acre