Com 880.631 habitantes, segundo os últimos dados divulgados pelo NUIBGE, o Acre conta atualmente com aproximadamente 400 bombeiros na ativa. O número está abaixo do recomendado pela Organização das Nações Unidas (ONU) que é de um agente para cada mil habitantes.
No Brasil, apenas Amapá, Distrito Federal e Rio de Janeiro seguem este padrão internacional de segurança.
O Acre enfrenta todos os anos fortes queimadas durante o verão amazônico. De acordo com o informativo de monitoramento de incêndios florestais do Corpo de Bombeiros do Acre (CBMAC), até agosto deste ano, já foram atendidas 3.766 ocorrências em todo o estado, superando as 2.805 registradas no mesmo período do ano passado.
De acordo o comandante-geral da corporação, coronel Charles Santos, a previsão é de que o cenário piore nos próximos dias. Segundo ele, a média diária tem se mantido em 200 incêndios.
“Nós temos aí uma intensificação justamente no mês de setembro, já historicamente, as pessoas se utilizam do manejo do fogo para fazer a limpeza do seu roçado. Então, como se pode se observar pelo tempo, pelo clima e pela densidade do ar, até ocorreu um aumento significativo e esse aumento vai se perdurar até o dia dez”, avalia.
O coronel Charles Santos justifica que a recomendação da ONU considera condições “perfeitas”, que não são encontradas no Brasil e em outras partes do mundo. O que é possível ser feito, segundo o comandante, é otimizar os recursos disponíveis atualmente.
“Até porque se a gente for colocar com relação à regionalização, nós teriamos que praticamente triplicar [o efetivo]. O que a gente faz? Tentar otimizar os recursos que nós temos, tanto em recursos humanos como os materiais, tentando ocupar as áreas para tentar oferecer o melhor atendimento”, pondera.
Apesar do aumento na demanda, o coronel destaca que o último concurso, feito em 2022, reforçou o efetivo e garante que uma nova convocação ocorrerá em breve para ampliar o quadro de agentes. Isso porque a validade do certame foi prorrogada por mais dois anos, até 2026.
“Estamos hoje com 170 homens na rua, diariamente. Nós estamos em 17 municípios e mais cinco realizando um monitoramento diário”, acrescentou.
Para conseguir atender o maior número de ocorrências possíveis, o coordenador da operação fogo controlado no estado, capitão Carlos Freitas Filho, explica os trabalhos funcionam de forma integrada junto ao governo federal e envolve todo o efetivo.
São feitos estudos técnicos para definição de áreas prioritárias. Foram chamados os militares de todos os setores, até mesmo da área administrativa, que, segundo o capitão, está funcionando com o mínimo possível de equipe para que os esforços sejam concentrados no combate aos incêndios.
“Os próprios militares do serviço operacional ficam com a folga mínima estabelecida pelo comando para que a gente possa dar conta dessa demanda”, explica.