Sem a presença do candidato à reeleição, prefeito Tião Bocalom (PL), o 2º debate promovido pelos acadêmicos do curso de Jornalismo da Universidade Federal do Acre (UFAC), nesta sexta-feira, 20, reuniu três dos candidatos à prefeitura de Rio Branco: Marcus Alexandre (MDB), Emerson Jarude (Novo), e Jenilson Leite (PSB). Durante o encontro, os candidatos aproveitaram para apresentar suas principais propostas e fazer duras críticas à atual administração municipal.
Mediado pelos estudantes Ludymila Maia e Kenno Vinícius, o debate começou com a apresentação dos participantes e modelo da dinâmica do debate que contou com três extensos blocos, diferente do 1° encontro, os postulantes tiveram mais tempo para as respostas, réplicas e tréplicas dos candidatos.
1º Bloco
O mediador iniciou o evento com o tema sobre o plano de governo para o centro da capital, onde todos lamentaram a ausência de Bocalom. O candidato Marcus Alexandre comentou sobre o atual cenário do centro da cidade. Segundo ele, várias propostas serão colocadas em prática, como a Guarda Municipal e a revitalização do espaço. “Temos várias ações para recuperar tanto o movimento econômico quanto os empregos, reabrir empresas. Temos que começar fortalecendo a área de segurança, vamos retomar esse convênio num primeiro momento com a Polícia Militar e temos a proposta da guarda civil municipal. Também temos um programa social, precisamos retomar os convênios com as casas de recuperação. Tenho certeza que, com trabalho organizado e coordenado, vamos revitalizar o nosso centro”.
Jarude usou o mesmo tempo e reafirmou seu apoio à Guarda Municipal no município. “No centro da cidade há uma questão social muito grande, que envolve os moradores de rua e dependentes. No nosso plano de governo, vamos implementar um centro com multiprofissionais para atendê-los. Primeiro, garantir tratamento; segundo, garantir emprego, inclusive com um projeto de lei para fazer parcerias com empresas privadas para reintegrar essas pessoas ao mercado de trabalho, mas, infelizmente, a proposta foi rejeitada. Também queremos focar na habitação. Se conseguirmos garantir essas três coisas, certamente conseguiremos reduzir a questão dos moradores de rua e dependentes químicos. Sou um grande defensor da guarda municipal junto com o convênio com a polícia militar”.
Jenilson Leite mencionou o programa Renascer, que tem o objetivo de remover o Centro Pop da área central do município. “Esse programa visa lidar de maneira adequada com a realidade dos moradores de rua no centro de Rio Branco. Queremos realocar o Centro Pop para um local mais adequado. Também queremos estabelecer um tratamento médico com apoio psicológico”.
Na segunda etapa, Marcus Alexandre discutiu o transporte público com Jenilson Leite, criticando a retirada dos terminais de integração e a contratação sem licitação da empresa Rico Transporte. “Tínhamos uma frota com mais de 180 ônibus. Bocalom assume e desmonta todo o sistema. Linhas que tinham quatro ônibus agora não têm mais. Vamos licitar duas novas empresas e ampliar as linhas. Vamos trazer de volta 180 ônibus, reabrir todos os cinco terminais e construir um novo no Calafate, além de uma estação de integração na região do Benfica para atender os ramais até o Top 15. Também construiremos o terminal urbano do 2º Distrito, próximo à rodoviária”.
Leite defendeu a Tarifa Zero para estudantes e criticou o subsídio dado por Bocalom à Rico Transporte. “Vamos estabelecer a Tarifa Zero em Rio Branco. Atualmente, pagamos R$ 30 milhões de subsídio. O que o prefeito está fazendo com o nosso dinheiro?”, questionou.
O candidato Emerson Jarude debateu o tema da educação com Jenilson Leite e defendeu a necessidade de zerar o número de crianças fora da escola. “Hoje, temos cerca de 3 mil crianças fora da escola. Nosso objetivo número um é zerar esse número. Não podemos aceitar que nossos filhos participem de sorteios, como se fossem prêmios em uma rifa, em busca de uma vaga”.
Jenilson comentou sobre suas propostas, defendendo a inclusão de atendimento psicológico nos primeiros anos de educação infantil e fundamental. “Defendo o atendimento psicológico nos primeiros anos de educação para identificar precocemente as doenças mentais que estão surgindo em nossas crianças. Quando diagnosticadas precocemente, podemos iniciar uma terapia eficaz”.
Jenilson Leite voltou ao centro do debate para falar sobre infraestrutura, criticando Bocalom juntamente com Marcus Alexandre e cobrando providências para a manutenção das mais de 600 ruas do programa Ruas do Povo. “Sabemos que essa situação também reflete a falta de compromisso do prefeito. Nessas ruas moram cidadãos de Rio Branco”, ressaltou.
Alexandre também criticou Bocalom, mencionando sua ausência no debate. “Ele também fugiu da manutenção das ruas. Ao contrário dele, eu trabalhei todos os anos. Bocalom passou três anos e meio sem trabalhar, sempre culpando o passado. Disse que não trabalharia nas ruas do povo. Então, a pergunta que fazemos é: ele vai trabalhar em quais ruas? No primeiro, segundo e terceiro invernos, ele se recusou a fazer a manutenção das ruas da cidade. Disse que havia uma ação na justiça, mas ninguém encontrou. Ele terceiriza a culpa. Em vez de trabalhar, fica culpando os outros. Disse que tinha milhões em caixa, mas quando foi trabalhar, buscou empréstimos no Banco do Brasil”, finalizou.
2º Bloco
Na sequência do evento, Marcus Alexandre iniciou o bloco questionando Emerson Jarude sobre o saneamento básico e abastecimento de água no município. Jarude criticou o sistema de abastecimento de água e apresentou suas propostas. “O problema não é o nível das águas, mas sim quem está por trás do gerenciamento, e os investimentos têm sido baixos. Tanto a prefeitura quanto o governo já gerenciaram o sistema. Os municípios que investem obtêm melhores resultados. Esse é o principal problema da gestão, queremos mais recursos”, disse. Alexandre também aproveitou para criticar Bocalom: “O Bocalom é o Zé promessa. Ele prometeu colocar água 24 horas nas casas das pessoas, mas a única coisa que ele fez foi uma fonte em frente à prefeitura, com a água desperdiçada, como a gente fala, indo pro ralo. Ele não investiu na ETA 1, nem na ETA 2, não recuperou as estações de tratamento e deixou a torre parar de funcionar. Nós vamos valorizar os servidores e recuperar as duas ETAs, além de construir novos reservatórios, principalmente nas áreas mais altas, para garantir um melhor abastecimento”, completou o emedebista.
Em seguida, Alexandre questionou Jenilson Leite sobre o programa “1.001 Dignidades” no tema de infraestrutura. Leite lamentou a não entrega das casas prometidas à população. “Ele alimentou esperanças no coração das pessoas, prometendo entregar as casas até o Dia das Mães. No entanto, ele justificou as razões por não ter construído essas mil casas e dobrou a promessa, dizendo que, em um eventual próximo governo, construiria o dobro. Nunca vi nenhuma dessas casas”, criticou Leite, recebendo resposta imediata de Alexandre: “Ele [Bocalom] prometeu mil e uma casas no Dia das Mães, mas enganou as mães, porque não disse o ano. Gastou mais de R$ 6 milhões comprando lenha e madeira de refugo, e não construiu nenhuma casa. Nós vamos estabelecer convênios, construir casas de alvenaria e impulsionar a construção civil, aquecendo a economia”, prometeu Alexandre.
O candidato Emerson Jarude continuou os embates com Marcus Alexandre sobre o meio ambiente, criticando a ausência de Bocalom. “Este tema é muito importante. Durante as enchentes deste e do ano passado, quando a cidade mais precisou de Bocalom, ele viajou. Já Marcus Alexandre, em 2015, estava presente em áreas como Taquari, Aeroporto Velho, e 6 de Agosto, auxiliando a população. Precisamos revisar nosso plano de contingência, principalmente no inverno, monitorar nossos igarapés e fazer a limpeza necessária”, destacou Jarude. Ele também defendeu políticas públicas ambientais: “A prefeitura não atuou como deveria. Ainda vemos queimadas dentro do perímetro urbano, algo que é responsabilidade da gestão. Vamos garantir que na próxima seca isso não aconteça. Além disso, a prefeitura precisa tratar o esgoto que é jogado nos rios e promover um grande projeto de arborização, pois Rio Branco precisa urgentemente dessa iniciativa”.
Dando continuidade, Jenilson Leite e Jarude debateram sobre transporte público. “Na nossa gestão, faremos uma licitação com algumas exigências, incluindo a implementação da tarifa zero para estudantes. Esse é um compromisso do nosso plano de governo”, defendeu Leite. Jarude, por sua vez, prometeu trazer novas empresas para o município: “Tenho coragem para trazer novas empresas. O transporte público está estagnado e precisamos mudar isso, oferecendo ônibus de qualidade”.
Jenilson Leite continuou com o tema da saúde pública, discutindo com Marcus Alexandre, que criticou a atual gestão. “Construíram apenas um posto de saúde e o resto foi pintado de azul. Nós, em seis anos, construímos 28 postos de saúde. Atualmente, mais de 1.200 crianças estão na fila esperando diagnóstico de autismo e TDAH. Vamos garantir a contratação de médicos e dar a devida atenção à saúde, com respeito”, disse Alexandre. Leite respondeu defendendo suas propostas: “Vamos implementar três medidas, incluindo a criação de um centro especializado para a saúde da criança”.
Leite também debateu a terceirização de serviços no município com Jarude, que criticou a gestão e prometeu terceirizar a Emurb: “Temos que tirar isso das mãos dos políticos. Defendo a contratação de empresas para pavimentar a cidade. Aos servidores da Emurb, fiquem tranquilos, pois vamos criar uma agência reguladora para que vocês fiscalizem o serviço”. Jenilson garantiu que não terceirizaria o abastecimento de água: “No nosso governo, continuaremos com o serviço de tratamento de água nas mãos do município. Buscaremos todas as parcerias necessárias para melhorar a captação e distribuição, além de reduzir as perdas de água”, afirmou.
3º Bloco
O último bloco do debate na universidade foi de temas livres, iniciado novamente pelo emedebista Marcus Alexandre, que debateu com Jenilson Leite sobre o polêmico caso ocorrido no início da gestão de Bocalom, quando trabalhadores da zeladoria entraram em confronto com a polícia militar. “É lamentável que tenhamos presenciado em nossa capital aquela cena, que considero uma grande falta de respeito com as pessoas. O prefeito inclusive se qualifica como alguém que tem trabalhado muito na área de limpeza urbana. Vamos tratar os trabalhadores com respeito”, declarou Jenilson. Alexandre considerou o episódio desumano: “Ele mandou bater e demitiu quem estava lá no ato. E não parou por aí, ele aumentou o IPTU. Faltou respeito nos últimos anos”, criticou.
Emerson Jarude prosseguiu questionando Marcus Alexandre sobre qual dos programas de asfaltamento urbano seria mais eficaz para a população: “Ruas do Povo” ou “Asfalta Rio Branco”. Alexandre criticou o atual programa de Tião Bocalom: “O Asfalta Rio Branco está sendo feito com dinheiro emprestado. Nós levaremos 20 anos para pagar esse recurso, e o asfalto está sendo feito sem planejamento, sobre uma base inadequada. Estão colocando asfalto em uma base que nem sequer verificaram a compactação”, reclamou. Jarude e Alexandre trocaram alfinetadas sobre o tema, e Alexandre rebateu: “É fácil generalizar as coisas, mas nós trabalhamos muito e vamos trabalhar ainda mais”, respondeu.
O bloco seguiu com Jenilson Leite debatendo a questão da geração de empregos em Rio Branco. Jarude lamentou a saída de pessoas para outras cidades do Brasil em busca de trabalho: “Dói muito ver os entes queridos partindo para conseguir emprego mais rápido em outro lugar”, disse. Leite destacou a necessidade de concursos públicos para gerar empregos: “Queremos realizar concursos. A agroindústria precisa crescer, senão não haverá emprego. Precisamos também ajudar nossos comerciantes a aliviar a carga de impostos para que esses setores possam realmente gerar oportunidades de trabalho”, enfatizou.
O debate da UFAC encerrou com os candidatos à prefeitura realizando suas considerações finais, com críticas a Bocalom e propostas para o município.