De vendedora de frutas a mentora de jovens: empreendedora fatura R$ 700 mil

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Ricarte Urbano é uma empreendedora por paixão. Depois de inúmeras experiências no controle tributário de grandes empresas, ela decidiu seguir seu tino empreendedor ao abrir seu próprio escritório de contabilidade — uma tentativa audaciosa, já que não tinha qualquer experiência, apenas o interesse pela área.


“Quando lembro da minha trajetória, percebo como fui ambiciosa, e como isso fez a diferença desde o início”, conta Ricarte.


Segunda filha de uma família de oito irmãos (sendo sete mulheres), Ricarte nasceu em Mombaça, região rural do Ceará. Com uma infância humilde, mas muito apoio familiar, ela desde cedo auxiliava nas finanças da família vendendo frutas de porta em porta.


“Minha vida sempre foi rodeada de escassez de bens materiais, mas ali nascia um espírito empreendedor e muito desejo por autonomia”, diz.


A mesma escassez se refletia na questão educacional: foi apenas aos nove anos de idade, por exemplo, que ela descobriu seu nome completo.


“Lembro até hoje da minha mãe emocionada me dizendo que jamais imaginou que eu precisaria um dia ler e escrever meu nome completo. Por isso sempre adotei um apelido para mim, e não fazia ideia de como me chamava”, diz.


Filha de uma dona de casa e pai vigilante, ela conta que logo precisou deixar o pequeno distrito de Mombaça em busca de oportunidades formais de trabalho e, com isso, mais independência.


O primeiro emprego veio aos 17 anos, como vendedora em uma loja de artesanato. Ao mesmo tempo, entrou para a vida acadêmica ao cursar assistência social, sendo a primeira da família a ingressar no ensino superior.


“Sabia que aquele era o único caminho para subir na vida. Não existia outra alternativa a não ser a educação. Além disso, queria ser um bom exemplo para todas as minhas irmãs mais novas”, lembra.


Na mesma época, Ricarte recebeu um convite para trabalhar em uma indústria têxtil, marcando o início do que seria uma longa jornada com inúmeras passagens por grandes empresas.


“Uma porta ali se abriu. Entrei como cortadora de ponta de calças jeans, na linha de produção de uma fábrica de calças jeans, e saí como supervisora de tributos”, conta.


A explicação para isso, segundo ela, está na disposição que sempre teve em aprender novas habilidades e migrar de áreas na empresa, aproveitando cada oportunidade.


Paixão pela contabilidade

A afinidade com o universo das finanças levou Ricarte a abandonar o curso de assistência social para seguir o caminho das ciências contábeis, o que a permitiu seguir nessa área também em sua vida profissional — ainda em grandes empresas.


Anos depois, um acidente de carro a fez reavaliar seu curso de vida. Motivada a recomeçar, decidiu seguir o caminho do empreendedorismo e abrir seu próprio escritório de contabilidade.


Assim, em 2012, nasceu a Ricarte Urbano Escritórios, resultado de uma sociedade com sua irmã — que logo se prontificou a empreender ao lado de Ricarte. “Eu sequer tinha pisado em um escritório de contabilidade na vida até o momento. Foi um sonho e uma coragem que surgiu sem explicação”, brinca.


Os primeiros clientes vieram apenas um mês depois da abertura do negócio. No início, o escritório atendia principalmente empresas de informática, mas ampliou seus escopo nos anos seguintes, junto com a carteira de clientes — formada, em sua maioria, por micro e pequenas empresas.


Entre altos e baixos, Ricarte destaca o difícil período da pandemia como um ponto de virada em sua jornada empreendedora. Naquele ano, muitos clientes, especialmente salões de beleza e comércios, precisaram fechar as portas, o que levou a uma queda brusca no faturamento do escritório de contabilidade.


A solução, para além de estender os setores atendidos, foi recorrer a um crédito emergencial junto ao fundo de impacto social Estímulo. Recuperada do baque, a empresa hoje fatura R$ 700 mil.


“Abrir um CNPJ é como ver nascer um filho. E para mim é um como o outro: precisa ser cuidado, gerenciado e sempre buscar o sucesso”, brinca.


“Empreender foi a melhor decisão da minha vida. Espero que minha história mostre para outras mulheres que é possível empreender e sair da zona de conforto, basta duas coisas essenciais: paixão pelo ofício e paixão por pessoas”, afirma Ricarte.


Atualmente, ela concilia a gestão da empresa de contabilidade ao trabalho voluntário como mentora de jovens empreendedoras, orientando empreendedoras a alcançarem sucesso financeiro em seus negócios. “Acho que é o meu dever retribuir isso à sociedade”, diz.


Conhecimento é algo que tem que ser repassado. À medida que aprendemos, temos que compartilhar. Isso é algo que amo”, conta.


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