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Brasil não vai reconhecer governo da Venezuela se atas não aparecerem

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De acordo com ex-chanceler, posição brasileira tem sido elogiada pelos Estados Unidos e Europa Roque de Sá/Agência Senado

A Comissão de Relações Exteriores do Senado questionou nesta quinta-feira (15) o assessor-chefe para assuntos internacionais da Presidência, o ex-chanceler Celso Amorim, em relação à posição do Brasil sobre as eleições venezuelanas.


Segundo ele, o Brasil não vai reconhecer o governo venezuelano se as atas eleitorais não forem divulgadas.


“Não creio que, se não houver algum acordo que não possibilite avançar, nós não vamos reconhecer um governo se essas atas não aparecerem”, disse ele.


A fala do ex-chanceler vai ao encontro do que disse o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em entrevista à Rádio T de Curitiba nesta quinta-feira (15).


Questionado sobre reconhecer ou não Maduro como reeleito, Lula respondeu “ainda não”. “Ele sabe que está devendo uma explicação para a sociedade brasileira e para o mundo. Tem que apresentar os dados.”


Ao Senado, Amorim, que foi à Venezuela para acompanhar a votação, afirmou que o Brasil tem “insistido na publicação das atas” mesmo sem saber se “isso agrada ou não ao presidente Nicolás Maduro”.


De acordo com ele, o governo brasileiro não estabelecerá uma data fixa para que o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela divulgue os documentos que comprovem a votação.


“Colocar uma data fixa, um ultimato, eu acho que isso não é produtivo. A minha experiência, para o que ela possa valer, indica que isso não traz bons resultados, mas seguiremos atentos”, disse.


Função do Brasil é apaziguar, diz Amorim

O ex-chanceler também afirmou que a função do Brasil na crise é “apaziguar”. “A solução precisa ser construída pelos próprios venezuelanos e não imposta de fora. O que nós podemos fazer é ajudar nesse diálogo”, afirmou.


“Os problemas [na Venezuela] antecedem o governo. Eu não estou defendendo, de maneira nenhuma, e nem querendo aqui fazer elogio a ninguém, nem ao presidente Maduro”, disse o ex-chanceler.


“Condenar é muito fácil, difícil é ajudar a resolver os problemas; essa é a verdadeira tarefa da diplomacia.”


Ele também afirmou que Nicolás Maduro ainda tem seis meses de mandato pela frente e que o Brasil quer que “qualquer que seja a solução, esses seis meses não se transformem e não ofereçam palco para violência de um lado ou de outro”.


“Criticamos e criticaremos a violação dos direitos humanos, e nós temos que trabalhar de maneira eficaz”, ressaltou.


Ainda de acordo com ele, a posição brasileira, no que diz respeito à eleição venezuelana, tem sido elogiada pelos Estados Unidos e pelos países da Europa.


Novas eleições

Segundo o ex-chanceler, o Brasil nunca fez “uma proposta de novas eleições” para o país.


Eu ouvi isso a primeira vez, não posso dizer de quem, se me permitirem, mas não é um brasileiro”, continuou.


Relação com opositora

Em resposta à senadora Tereza Cristina (PP-MS), Amorim disse que não recebeu a candidata de oposição, María Corina Machado, quando esteve na Venezuela, mas que manteve “todos os contatos possíveis” com ela. “Há contatos em nível muito alto com a senhora Corina”, afirmou.


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