Entre os passageiros que estavam no barco que pegou fogo quando seguia para Porto Walter nessa segunda-feira, 5, estava um recém-nascido de 10 dias de vida, que quase morreu afogado. O bebê foi atendido na Unidade Fluvial Marieta Cameli, de Cruzeiro do Sul, que fica ancorada na região prestando assistência aos moradores. O acidente aconteceu próximo ao encontro dos rios Valparaíso e Juruá.
A enfermeira Adriana Araújo, coordenadora da Equipe de Saúde Fluvial de Cruzeiro do Sul, disse ao ac24horas que o bebê está fora de perigo e que as outras pessoas sofreram machucados leves.
“É uma média de oito pessoas mais ou menos que trouxeram de carona nesses barcos aqui para a nossa embarcação. Aí teve uma criança que sofreu afogamento e foi atendida. Ele chegou a afundar, mas está respirando bem, está saturando bem, está tudo certo. Está todo mundo estável, não tem ninguém queimado, não tem ninguém ferido. Só um machucado leve da hora que eles saíram no barco, e alguns deles acabaram machucando perna, braço, mas não tem nenhum ferimento. Está todo mundo aqui alojado, eles vão dormir aqui com a gente”, contou pouco depois do acidente.
Combustível e passageiros
O Corpo de Bombeiros não foi acionado para ir até o local da embarcação. A embarcação pertence a um homem conhecido como ‘Duda’ e era pilotada por outro, identificado pelo apelido de ‘Curupira’. A primeira informação que surgiu sobre o incêndio do barco foi que ocorreu devido ao excesso de força no motor, porque o Rio Juruá está com baixo volume de água. Há informações também de que além dos passageiros, o barco levava combustível para Porto Walter.
João Pedroza Neto, um dos responsáveis pelo barco, disse que o combustível que ia na embarcação era só para o reabastecimento do rabetão, mas que não sabia ao certo quantos litros de gasolina eram levados junto com os passageiros. Mas antes que o ac24horas conseguisse acessar os demais áudios do homem, todos foram apagados. Rosa, outra responsável pela embarcação, também disse que não sabia a quantidade de combustível transportado. O celular do condutor do barco está fora da área de serviço.
Tragédia quase se repetiu
Em junho de 2019, em Cruzeiro do Sul, uma embarcação onde havia 18 pessoas, incluindo um bebê, que seguiria para Marechal Thaumaturgo, explodiu enquanto era abastecida por um caminhão com 5 mil litros de gasolina pela mangueira. Seis pessoas morreram.
Na embarcação, segundo testemunhas, a manobra de encher os galões plásticos era comandada pelo dono do barco. Mas, no batelão, havia pessoas manuseando uma bateria e as faíscas produziram uma grande explosão que matou 6 pessoas, deixando órfãos , viúvas, dores e consequências.
Em março deste ano, a Polícia Civil de Cruzeiro do Sul concluiu o inquérito e indiciou por homicídio doloso e lesão corporal grave seis pessoas e a empresa Pimpão pela morte de seis pessoas na explosão de um barco em 7 de junho de 2019.
“O caso aconteceu por total falta de atenção e cuidado com a vida humana. O barco que transportava pessoas era abastecido com 5 mil litros de gasolina e houve a explosão. Multas pessoas foram jogadas no rio e outras ficaram no barco”, contou o delegado Lindomar Ventura.
O caso foi remetido ao Ministério Público, que até agora não ofereceu denúncia contra nenhum dos indiciados.
Desde a explosão do barco em 2019, os órgãos de fiscalização cobram adequação no transporte de combustível para as cidades do alto Juruá. O Porto de Cruzeiro do Sul está desativado e o abastecimento das embarcações segue sendo feito nos barrancos do Rio Juruá da mesma forma de 2019, quando as 6 vítimas morreram vítimas da explosão do barco. O governo do Estado diz que é dos empresários dos setores de combustível e transporte, a responsabilidade de construir e manter um espaço adequado para o transbordo do combustível e os empresários do ramo, aguardam que o poder público resolva a questão.