O mês de julho de 2024 é o segundo pior em termos de queimadas no Acre desde o início do monitoramento, no ano de 1998. Foram 603 focos detectados, que em comparação com julho do ano passado, quando foram registrados 212 ocorrências, resultam em uma alta 184% até esta quarta-feira, 31.
Os números de julho deste ano são menores apenas que os de julho de 2005, com 1.136 focos de queimadas. Naquele ano, o estado viveu o maior incêndio florestal da sua história, com a destruição de milhares de hectares da Reserva Extrativista Chico Mendes.
De acordo com os dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), a quantidade de focos de queimadas registrada de 1º de janeiro a 31 de julho de 2024, coincidentemente, também é 184% maior que no mesmo período do ano passado – 740 contra 260.
Os municípios mais afetados até o momento no Acre são Feijó (139), Cruzeiro do Sul (88), Tarauacá (80), Sena Madureira (67) e Rio Branco (65). Já Plácido de Castro (7), Capixaba (6), Epitaciolândia (6), Porto Acre (6) e Assis Brasil (5) estão no outro extremo.
O aumento dos focos de queimadas é perceptível na fumaça que se concentra em níveis elevados em várias cidades acreanas. Na noite desta quarta-feira, 31, Rio Branco registrou uma média 67 µg/m³ (microgramas por metro cúbico) em 24 horas.
O nível medido pelo sensor do sistema Purple Air, de monitoramento da qualidade do ar, instalado na Universidade Federal do Acre (Ufac), representa mais de quatro vezes o valor mínimo adequado.
Amazônia em Chamas
O cenário que se apresentou no Acre nos sete primeiros meses do ano acompanha o que ocorre em toda a Amazônia, que também registra a pior situação desde 2005. Foram 31.016 focos de queimadas naquele ano contra 24.923 em 2024.
Com chuvas abaixo do esperado até o momento em 2024, a seca começou mais cedo. O fenômeno La Niña, aguardado para o segundo semestre, tende a trazer chuva para a região, mas os cientistas ainda não conseguem dimensionar que intensidade ele terá desta vez.
O Ministério de Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) diz, em nota, que os incêndios florestais no Brasil são intensificados pela mudança climática e pelo forte El Niño iniciado em 2023. O estado de Roraima foi o mais atingido nos primeiros meses de 2024.
De acordo com a pasta, o cenário climático enfrentado desde o ano passado, mudou o padrão dos incêndios, com 31,7% deles ocorrendo em vegetação primária e 15,5% em áreas desmatadas.