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Qualidade do ar em Rio Branco registra mais de 4 vezes o valor mínimo tolerado pela a Organização Mundial de Saúde

fumaca rio branco

O aumento dos focos de queimadas, somado ao tempo seco e ausência de chuvas, contribuem para que a qualidade do ar vá se degradando, à medida que o período da estiagem avança, até se tornar inadequada para a saúde. E isso já está acontecendo em algumas cidades do Acre, inclusive Rio Branco.


Nesta quinta-feira, 25, por volta das 22h18, o número de poluentes encontrados no ar em Rio Branco estava mais de quatro vezes acima do valor considerado ideal, conforme os sensores que monitoram a qualidade do ar no Acre, por meio do sistema Purple Air, que mostra os dados em tempo real.


Os equipamentos que compõem a rede de monitoramento da qualidade do ar fazem parte de um projeto entre o Ministério Público do Acre (MPAC), a Universidade Federal do Acre (Ufac), além de órgãos de saúde e do meio ambiente do estado e também dos municípios.


A capital acreana apresentou, no horário citado, uma concentração de 69 microgramas por metro cúbico de material particulado na média das 24 horas anteriores. Com esse índice, algumas do público em geral podem sofrer efeitos na saúde após 24 horas de exposição e membros de grupos sensíveis podem sofrer efeitos mais sérios.


A Organização Mundial de Saúde (OMS) prevê que a quantidade de material particulado por metro cúbico (µg/m³) aceitável é de 15 microgramas. Porém, a partir de 12 µg/m³ já oferece risco em uma exposição prolongada.


A professora Sonaira Silva, pesquisadora do Campus Floresta da Universidade Federal do Acre (Ufac), em Cruzeiro do Sul, e uma das coordenadoras do sistema, afirma que Rio Branco sempre queima muito entre junho e julho.


Na tarde desta quinta-feira, por exemplo, o Corpo de Bombeiros controlou um incêndio de grandes proporções numa área de terra às margens da Via Verde, na região do Via Verde Shopping, em Rio Branco. A pesquisadora alerta que o pior ainda está por vir. “Agosto, setembro e outubro são os momentos críticos”, afirma ela.


No entanto, Sonaira Silva também esclarece que os focos de calor estão aparecendo em vários municípios que antes não eram muito prioritários, como Cruzeiro do Sul, que este ano está com níveis maiores de poluição, enfatizando a tendência crescente de pior da qualidade do ar que será respirado pelos acreanos nos próximos meses.


“A gente tem que pensar na geografia do fogo. E esse ano tá bem pior de forma genérica para o estado. Se você olhar os focos de calor do ano passado e o mapa de focos de calor desse ano, você vai ver nitidamente a diferença da localização dos focos”, explicou.


Outras cidades acreanas também registraram índices de poluição do ar acima do padrão mínimo recomendado, como Sena Madureira (20 µg/m³), Manoel Urbano (32 µg/m³) e Santa Rosa do Purus (µg/m³).


 


Queimadas no Acre


 


Nos sete primeiros meses do ano, até esta quinta-feira, 25, o Acre registrou 546 focos de queimada no estado. O município de Feijó lidera o ranking, com um total de 99 focos, seguido do município de Cruzeiro do Sul, com 76 focos, e Tarauacá, com 54. Do total, 75% dos focos foram registrados no acumulado de julho (407), segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, o Inpe.


Desde o dia 11 de junho, o estado do Acre está sob decreto de situação de emergência ambiental, com abrangência de ações em todos os 22 municípios. A coordenação e a articulação interinstitucional dos órgãos e entidades estaduais para a definição de estratégias de prevenção e de combate ao desmatamento e incêndios está a cargo da Secretaria do Meio Ambiente (Sema).


Diferentemente do ano passado, quando o documento colocou como prioritárias as dez cidades com maior incidência de ilícitos ambientais, em 2024 o decreto abrange todo o território acreano, que está sob previsão do baixo volume de chuvas e nível dos rios, o risco de incêndios florestais e possíveis prejuízos sociais e econômicos.


A secretária de Meio Ambiente do Acre, Julie Messias, reforçou recentemente que o risco de aumento dos focos de queimadas, associado à baixa umidade do ar, traz impactos significativos não apenas ao meio ambiente, mas também à saúde pública.


“Diante do período de estiagem que enfrentamos, é crucial termos consciência e sensibilidade individual. O Estado tem aperfeiçoado o monitoramento e adotado medidas preventivas para lidar com este evento extremo.


A gestora também destacou a importância de se fazer o uso racional da água e compreender que a prática de queimadas é crime. “Agir com responsabilidade é fundamental para minimizar os danos e proteger nossa comunidade e o ecossistema”, afirmou a secretária.


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