Sem a referência do mercado dos Estados Unidos em função de feriado, o dólar e os juros futuros tinham quedas firmes nesta quinta-feira no Brasil, com a moeda norte-americana voltando a ser cotada abaixo dos 5,50 reais, na esteira de declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do ministro Fernando Haddad na quarta-feira.
O Ibovespa também mantinha o viés positivo da véspera para os ativos locais, com as ações sensíveis à economia brasileira entre os destaques positivos.
Às 13h15, o Ibovespa subia 0,56%, a 126.361,25 pontos. O volume financeiro somava 4,7 bilhões de reais.
Na quarta-feira, Lula interrompeu uma sequência de ataques diários ao Banco Central e adotou um discurso de defesa do equilíbrio fiscal. Já Haddad afirmou durante a noite, após reunião com Lula, que o presidente determinou o cumprimento do arcabouço fiscal.
O ministro informou ainda que a equipe econômica já identificou 25,9 bilhões de reais em despesas obrigatórias que serão cortadas no Orçamento de 2025.
No mesmo horário, a moeda à vista caía 1,03%, a R$ 5,499 na venda.
Na manhã de hoje, o Banco Central vendeu os 12 mil contratos de Swap Cambial Tradicional ofertados pela autarquia.
“O dia começa dando continuidade ao tom positivo de ontem, em que o mercado remove os prêmios adicionados sobre os ativos financeiros ao longo dos últimos dias”, disse Matheus Spiess, analista da Empiricus Research.
“Essa propensão ao risco deriva de uma diluição dos riscos locais, em especial a questão fiscal na qual houve uma grande direcionamento ontem”, acrescentou.
Dados econômicos dos EUA na quarta-feira apontaram para uma moderação do mercado de trabalho e ampliaram o otimismo dos investidores por um corte na taxa de juros do Federal Reserve ainda neste ano, o que também ajudou na forte queda da divisa norte-americana no Brasil.
Quanto mais o banco central dos EUA cortar os juros, pior para o dólar, que se torna comparativamente menos interessante quando os rendimentos dos Treasuries diminuem.
Após o fechamento do mercado, na quarta-feira, o alívio dos investidores ganhou novo impulso quando o ministro da Fazenda, Fernando Haddad disse, após reunião de Lula com a equipe econômica, que o presidente determinou que o governo cumpra o arcabouço fiscal a qualquer custo.
O presidente também autorizou, conforme Haddad, o corte de gastos públicos para que se cumpra a legislação.
Em suas aparições públicas ao longo da quarta-feira, Lula não criticou a política monetária do BC ou mencionou a alta recente do dólar. Ele havia dito anteriormente que a valorização da moeda norte-americana se tratava de um “ataque especulativo”.
O governo trabalha com uma meta de déficit fiscal zero em 2024 e 2025, mas o alvo é visto com desconfiança por agentes do mercado, especialmente após indicações de resistência do Congresso a aprovar novas medidas que impulsionem a arrecadação, o que tem gerado pressão pela revisão de gastos.