Os tiros disparados contra Donald Trump no sábado (13) integram uma longa lista de atentados contra presidentes e ex-presidentes dos Estados Unidos. No mundo, outros chefes de Estado e candidatos à presidência — inclusive do Brasil — também foram alvos de ataques.
Brasil
Prudente de Morais, 1897. O presidente participava de uma cerimônia para recepcionar dois batalhões do Exército que retornavam de Canudos quando escapou ileso de um atentado. O ministro da Guerra, Marechal Bittencourt, morreu ao defender a vida de Prudente. Temendo um golpe, o presidente declarou estado de sítio e começou a perseguir aqueles que fossem considerados contrários ao seu governo.
Artur da Costa e Silva, 1966. Candidato à sucessão presidencial durante a ditadura militar, o então ministro do Exército escapou de uma explosão no Aeroporto dos Guararapes, no Recife. Na ocasião, morreram o secretário do governo de Pernambuco, Edson Régis de Carvalho, e o vice-almirante reformado Nelson Gomes Fernandes. Outras 14 pessoas ficaram feridas.
Jair Bolsonaro, 2018. Bolsonaro levou uma facada na barriga durante um ato de campanha em Juiz de Fora (MG), quando já aparecia em primeiro lugar nas pesquisas. Investigações da Polícia Federal concluíram que Adélio Bispo de Oliveira, autor confesso do atentado, agiu sozinho. O caso foi um dos motivos de discórdia entre o então ministro da Justiça, Sergio Moro, e Bolsonaro.
EUA
Abraham Lincoln, 1865. Lincoln foi assassinado por John Wilkes Booth, um ator conhecido e simpatizante confederado, enquanto assistia a uma peça no Ford’s Theater, em Washington. O ataque aconteceu dias após a rendição confederada na Guerra Civil e fazia parte de um plano maior, que incluía tentativas de assassinar o vice-presidente Andrew Johnson e o secretário de Estado William Seward.
William McKinley, 1901. McKinley foi baleado e morto pelo anarquista Leon Czolgosz em Buffalo, Nova York.
Theodore Roosevelt, 1912. Assim como Trump, Teddy Roosevelt estava concorrendo à Casa Branca como ex-presidente quando foi baleado em Milwaukee, Wisconsin. A bala, que permaneceu alojada em seu peito pelo resto de sua vida, foi amortecida pelas 50 páginas dobradas de seu discurso e o estojo de óculos de aço em seu bolso do peito. Na ocasião, Roosevelt decidiu continuar seu discurso apesar de ter sido baleado.
Franklin D. Roosevelt, 1933. Como presidente eleito, FDR foi alvo de uma tentativa de assassinato em Miami, na Flórida. Ele saiu ileso, mas o prefeito de Chicago, Anton Cermak, foi morto no ataque.
John F. Kennedy, 1963. Andando em carreata com sua esposa Jackie, JFK foi assassinado em Dallas, Texas, por Lee Harvey Oswald, um ex-fuzileiro naval que havia vivido na União Soviética. Muitos americanos acreditam que a morte de Kennedy iniciou um período mais violento na política e na sociedade americana, com a escalada da Guerra do Vietnã e a luta pelos direitos civis como pano de fundo.
Robert F. Kennedy, 1968. Irmão de JFK, Robert estava concorrendo à indicação democrata para a Casa Branca quando foi baleado e morto em um hotel de Los Angeles, na Califórnia. O caso teve um impacto profundo nas eleições de 1968 e aconteceu apenas dois meses após o assassinato do líder dos direitos civis Martin Luther King Jr.
George Wallace, 1972. Enquanto fazia campanha pela indicação democrata, Wallace foi baleado quatro vezes em um shopping em Laurel, Maryland, e ficou paraplégico. A tentativa de assassinato de Wallace, que era conhecido por suas opiniões racistas e apelo populista, destacou as tensões políticas contínuas nos EUA e o potencial para violência doméstica na era da Guerra do Vietnã.
Gerald Ford, 1975. Ford saiu ileso de duas tentativas de assassinato, ambas na Califórnia e em um intervalo de apenas 17 dias. Em Sacramento, uma seguidora de Charles Manson apontou uma pistola para o presidente e puxou o gatilho, mas foi detida por um agente do Serviço Secreto. Depois, em San Francisco, uma mulher posicionada no meio de uma multidão atirou contra Ford, mas errou por alguns metros.
Ronald Reagan, 1981. Reagan foi baleado e gravemente ferido ao sair de um evento no hotel Hilton, em Washington. Embora tenha passado 12 dias no hospital, o presidente demonstrou bom humor e resiliência durante sua recuperação, o que ajudou a aumentar sua popularidade.
Donald Trump, 2024. O republicano discursava a apoiadores em Butler, na Pensilvânia, quando foi alvo de disparos. Nos vídeos que registraram o momento, é possível ouvir os tiros e, logo depois, Trump leva a mão à orelha direita e se abaixa. Em seguida, agentes do Serviço Secreto correm para protegê-lo no palanque.
América Latina e Caribe
Nicolás Maduro, Venezuela, 2018. Drones armados com explosivos detonaram próximo do local onde o presidente venezuelano fazia um discurso transmitido ao vivo pela TV. Sete soldados ficaram feridos e foram hospitalizados, mas ninguém morreu. Mais recentemente, em 2022, três pessoas acusadas de envolvimento no atentado foram condenadas a 30 anos de prisão, a pena máxima no país.
Jovenel Moïse, Haiti, 2021. O presidente foi assassinado a tiros “por estrangeiros que falavam inglês e espanhol” durante um ataque a sua residência, segundo anunciou o então primeiro-ministro Claude Joseph. Sua esposa Martine ficou ferida, mas sobreviveu. Moïse era alvo de protestos desde que assumiu a presidência, em 2017, e a oposição o acusava de tentar instalar uma ditadura — o que ele sempre negou.
Cristina Kirchner, Argentina, 2022. Um homem identificado como Fernando Sabag Montiel, brasileiro, apontou uma arma e tentou matar Kirchner quando a então vice-presidente chegava a sua casa, em Buenos Aires. Imagens de TVs locais flagraram o momento em que a arma usada no ataque parece ter falhado. O julgamento de Montiel começou no final de junho deste ano e ainda pode demorar um ano para terminar.
Fernando Villavicencio, Equador, 2023. O candidato à presidência foi atingido por três tiros — um deles na cabeça — enquanto encerrava um compromisso de campanha em Quito. Villavicencio chegou a ser socorrido e levado ao hospital mais próximo do local do crime, mas não resistiu aos ferimentos. Nesta semana, a Justiça do Equador impôs penas de 12 e 34 anos de prisão para cinco pessoas consideradas culpadas pelo crime.
Japão
Shinzo Abe, 2022. O ex-primeiro-ministro japonês foi vítima de um ataque com arma de fogo durante um ato de campanha em Nara, no oeste do país, e morreu no hospital. O crime provocou grande comoção no Japão e no exterior. A polícia disse que o assassino confesso de Abe era um desempregado de 41 anos, Tetsuya Yamagami, que alegou ter usado uma arma de fabricação caseira.