As perdas na distribuição de água diminuíram no último ano, mas ainda chegam a 52 piscinas olímpicas todos os dias. Tal volume de água potável abasteceria 297.096 pessoas, segundo o Instituto Trata Brasil (ITB), que publicou em junho deste ano o “Estudo de Perdas de Água 2024 (SNIS, 2022): Desafios na Eficiência do Saneamento Básico no Brasil”, que busca expor o grande problema econômico e social da ineficiência no controle de perdas de água em nosso país.
As 52 piscinas olímpicas jogadas fora todos os dias representam, em termos percentuais, 66,61% de toda a água tratada no Acre, o segundo maior volume desperdiçado no país. O Acre perde apenas para o Amapá, que perde 71,44%.
Em Rio Branco, que se destaca nesse quesito entre as capitais, 56,59% da água tratada são perdidos.
O estudo foi elaborado a partir de dados públicos do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS, ano-base 2022) e compreende uma análise do Brasil, de suas cinco macrorregiões, das 27 Unidades da Federação e também dos 100 municípios mais populosos do país (incluindo as capitais dos estados), que figuraram no Ranking do Saneamento de 2024. No Brasil, ainda existem cerca de 32 milhões de pessoas que sofrem com a ausência de água tratada. A situação torna-se ainda mais preocupante quando analisado o elevado índice de perdas na distribuição, em que 37,78% da água é perdida antes de chegar às residências brasileiras.
O ITB é uma organização da sociedade civil que busca a universalização do saneamento no país, em parceria com a consultoria GO Associados. No País, ao longo do período analisado, o instituto diz ser “notável” que não houve nenhuma evolução significativa nos indicadores de perdas sob a perspectiva macrorregional (quadro abaixo). Pelo contrário, a tendência é de estagnação, com poucas exceções. No indicador de perdas na distribuição, a macrorregião que mais apresentou piora no último quinquênio de dados do SNIS, 2018–2022, foi a Nordeste, com aumento de 0,69 ponto percentual. Por outro lado, observa-se a notável melhora na macrorregião Norte, com redução de 8,59 pontos percentuais no mesmo período, embora ainda seja o maior índice dentre as macrorregiões brasileiras.
A universalização do saneamento básico está intimamente ligada aos esforços para aumentar a eficiência no controle e na redução de perdas de água. O lento progresso indica uma grande dificuldade de atingirmos as metas pelo Novo Marco Legal do Saneamento Básico, de fornecer água potável a 99% da população até 2033. É imprescindível combater as perdas de água para que, por meio de sistemas de distribuição de água eficientes, possa-se garantir o acesso pleno a esse recurso vital para todos os brasileiros.