Antes de ser morta a facadas, Maria das Graças Carneiro Araújo, de 57 anos, estava cuidando da mãe doente quando recebeu uma mensagem de Deleon Gomes Carnaúba, de 37, com quem se relacionava há pouco mais de um ano, e suspeito do crime. No texto, ele disse que tinha alguém tentando matá-lo e pediu para a mulher voltar para casa.
A informação foi repassada ao g1 por uma sobrinha de Maria, que pediu para não ter o nome divulgado. Segundo a parente, a vítima recebeu a mensagem do marido durante a madrugada, pegou o neto, Enzo Gabriel Araújo, de 6 anos, que também foi assassinado pelo suspeito, o genro e foi encontrar com o marido no Projeto Envira, zona rural de Feijó, interior do Acre.
Ao chegar na casa, Maria das Graças entrou com o neto e o genro ficou esperando do lado de fora. Ainda segundo a sobrinha, Deleon Carnaúba trancou a casa e começou a esfaquear a mulher.
“O genro dela ainda tentou arrombar a porta, mas não conseguiu. Ele [suspeito] estava sob efeito de drogas”, confirmou a sobrinha da vítima.
A jovem afirmou também que o suspeito era muito ciumento. O casal estava junto há mais de um ano. Nas redes sociais, Maria das Graças chegou a publicar, em março do ano passado, que estava noiva de Deleon. “Eles moravam juntos, só que ela estava cuidando da mãe na hora que ele mandou a mensagem. Aí ela pegou o Enzo e saiu com ele até lá”, lamentou.
Enzo era criado pela avó enquanto a mãe cumpre pena na prisão, de acordo com a família. Ela informou também que o suspeito não aparentava ter raiva do menino.
Segundo a polícia, Deleon era dependente químico e já tinha sido preso por integrar organização criminosa. Os crimes chocaram a população de Feijó.
Criança foi usada como escudo
A Polícia Militar informou que foi acionada por vizinhos do casal. Ao chegar na casa, a PM-AC encontrou Maria das Graças morta dentro da residência. Já o suspeito tinha fugido em direção ao rio com Enzo.
A polícia explicou que encontrou Deleon dentro da canoa usando a criança como escudo. Conforme os policiais, a equipe tentou negociar com o suspeito, da margem do rio, tentando convencê-lo a jogar a faca e liberar o menino. Populares também teriam ajudado nas negociações.
Ainda segundo a Polícia Militar, o suspeito estava bastante alterado, falava frases desconexas e pedia para os policiais atirarem. Após inúmeras tentativas de liberação da criança, o suspeito teria dado uma facada na vítima e, nesse momento, foi baleado pelos policiais.
A PM-AC afirmou que, mesmo ferido, o suspeito desferiu ainda mais dois golpes na criança. Os dois morreram antes da chegada do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu).
A Polícia Civil, juntamente com a equipe da perícia, foi acionada e iniciou as investigações. Os corpos devem ser levados para o Instituto Médico Legal (IML) de Cruzeiro do Sul, cidade vizinha.
O delegado Adan Ximenes disse que os crimes foram praticados após o suspeito ter um surto psicótico por conta do uso de drogas.
CANAIS DE AJUDA PARA CASOS DE VIOLÊNCIA
A PM disponibiliza os seguintes números para que a mulher peça ajuda:
- •(68) 99609-3901
- •(68) 99611-3224
- •(68) 99610-4372
- •(68) 99614-2935
Veja outras formas de denunciar casos de violência contra a mulher:
- •Polícia Militar – 190: quando a criança está correndo risco imediato;
- •Samu – 192: para pedidos de socorro urgentes;
- •Delegacias especializadas no atendimento de crianças ou de mulheres;
- •Qualquer delegacia de polícia;
- •Disque 100: recebe denúncias de violações de direitos humanos. A denúncia é anônima e pode ser feita por qualquer pessoa;
- •Profissionais de saúde: médicos, enfermeiros, psicólogos, entre outros, precisam fazer notificação compulsória em casos de suspeita de violência. Essa notificação é encaminhada aos conselhos tutelares e polícia;
- •WhatsApp do Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos: (61) 99656- 5008;
- •Ministério Público;
- •Videochamada em Língua Brasileira de Sinais (Libras)