A crise de popularidade e articulação política vivida pelo governo Lula acirrou nos bastidores a disputa interna do PT. As derrotas sofridas no Congresso e dificuldade de fazer decolar a agenda econômica ampliaram nas últimas semanas a bateção de cabeça, levando as forças internas a um embate em duas frentes: a composição do ministério e a renovação do comando partidário.
Na primeira frente, alguns líderes do PT passaram a criticar nos bastidores a decisão do presidente Lula de adiar trocas na Esplanada. A tese é que a situação em áreas como Relações Institucionais e Comunicação Social tornou-se insustentável.
Essa ala também cobra trocas nas pastas responsáveis por temas de forte apelo eleitoral, como Saúde e Desenvolvimento Social.
A ideia de uma reforma ministerial entrou e saiu diversas vezes das discussões do governo desde o fim do ano passado. O debate mais recente sobre o assunto propunha uma renovação da equipe agora em junho.
Mas o presidente Lula estancou as conversas e indicou que não mexerá na equipe antes do fim do ano.
Na segunda frente, os diferentes grupos que dão as cartas dentro do PT decidiram jogar lenha na disputa sobre quem irá assumir o comando partidário após a saída de Gleisi Hoffmann do cargo, no ano que vem. Lula vem indicando a preferência pelo prefeito de Araraquara, Edinho Silva.
Mas parte da legenda decidiu nas últimas semanas intensificar manifestações de apoio ao nome do deputado José Guimarães (PT-CE).
A eleição interna do PT só deve ser convocada depois das eleições municipais. O processo, entretanto, leva meses para ser concluído. Se tudo caminhar como esperado, um novo presidente da legenda só deve ser escolhido formalmente no primeiro semestre de 2025.