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Petrobras perde R$ 34 bilhões em valor de mercado em um dia após demissão de Prates

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Edifício-sede da Petrobras, no centro do Rio — Foto: Marcos Serra Lima/g1

Petrobras perdeu R$ 34 bilhões em valor de mercado nesta quarta-feira (15), após o anúncio de que Jean Paul Prates foi demitido da presidência da empresa. A petroleira encerrou o pregão com um valor de mercado de R$ 509 bilhões, contra R$ 543 bilhões de ontem.


O desligamento de Prates, feito pessoalmente pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na noite de terça-feira (14), acontece pouco tempo depois das polêmicas sobre a distribuição de dividendos da companhia (entenda mais abaixo).


Esse montante equivale ao valor total das ações da Hapvida, por exemplo, segundo levantamento de Einar Rivero, sócio-fundador da Elos Ayta Consultoria.


  • •As ações ordinárias da Petrobras (PETR3), que são as que dão direito a voto nas decisões da companhia, despencaram 6,78%.
  • •As ações preferenciais (PETR4), que dão preferência no recebimento de dividendos, caíram 6,04%.

Conflitos na Petrobras e visão do mercado

 


O grande destaque deste pregão foi a queda expressiva das ações da Petrobras, após a companhia informar que Jean Paul Prates foi demitido da presidência da empresa na noite desta terça-feira.


Segundo o blog da Natuza Nery, o presidente Lula havia decidido pela demissão de Prates há algum tempo, depois da sequência de desentendimentos do presidente da empresa com o governo federal, o principal acionista.


A gota d’água foi o desenrolar da polêmica sobre a distribuição de dividendos extraordinários pela petroleira. Prates foi contra a orientação do governo de reter os dividendos e se absteve na votação do assunto, um fato que não foi bem recebido no Palácio do Planalto.


O agora ex-presidente da Petrobras não se entendia com o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, havia muito tempo. De acordo com o blog da Andréia Sadi, Prates disse que respeita a decisão, mas afirmou que não pode deixar de dizer que o presidente foi levado a adotar a medida por uma ‘intriga palaciana’.


O argumento usado é o de que Jean Paul não estaria entregando resultados da Petrobras na velocidade em que o governo esperava.


Em comunicado ao mercado divulgado nesta quarta-feira (15), a estatal afirmou que seu conselho de administração aprovou o encerramento antecipado do mandato de Prates a partir de hoje. Com isso, o agora ex-presidente da Petrobras também apresentou sua renúncia ao cargo de membro do conselho.


“Em decorrência da vacância na presidência da companhia, o presidente do conselho de administração nomeou como presidente interina da companhia a diretora-executiva de assuntos corporativos, Clarice Copetti”, informou a empresa no documento.


 


O então diretor financeiro e de relacionamento com investidores, Sergio Caetano Leite, também foi destituído do cargo. Em seu lugar, o conselho de administração nomeou o atual gerente executivo de finança, Carlos Alberto Rechelo Neto, de forma interina.


Frederico Nobre, chefe de análises da Warren Investimentos, comenta que o mercado foi pego de surpresa com a notícia, já que os conflitos de Prates com o governo pareciam ter ficado no passado.


Para o analista, a notícia é negativa, porque a substituta, Magda Chambriard, seria em sua visão uma executiva com um “viés ideológico mais próximo do desenvolvimentismo”.


“Avalio como bastante negativa, primeiro porque traz uma falta de credibilidade, insegurança. Jean Paul Prates estava fazendo um trabalho bem razoável, era um cara bem ponderado, que vem do setor, que conhece a empresa. Fazia uma gestão bem tranquila, tinha um diálogo com o mercado e também com representantes do governo”, pontua.


 


O chefe de análise de ações da Órama, Phil Soares, tem um ponto de vista diferente. Para ele, a indicação de Magda não é negativa, tendo em vista que ela é uma profissional com uma “parte técnica muito boa” e de uma “carreira bem sucedida”, sendo a indicação “bastante adequada”.


“A gente acredita que a notícia (da demissão) é ruim, mas não muito ruim. Então, o papel deve cair, mas sem tanto pessimismo”, afirma Soares.


 


Em relatório a clientes, os analistas do BTG Pactual afirmaram que apesar de a notícia ter sido especulada no início deste ano, a mudança repentina foi considerada “surpreendente” e negativa. A estimativa é que os investidores comecem, mais uma vez, a “precificar riscos maiores de interferência política na empresa”.


“Neste momento, podemos apenas especular sobre as razões que podem ter motivado a decisão de substituir Jean Paul Prates. Mas é possível que isso decorra de alguma insatisfação do acionista controlador sobre o ritmo de investimentos da empresa”, disseram os analistas do BTG no documento.


 


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