Na complexa rede de saúde pública, muitas vezes a jornada de uma mulher pobre, idosa e desinformada pode ser um verdadeiro labirinto. Imaginem a dona Cirene, uma senhora de cabelos brancos e mãos calejadas, o rosto cheio de marcas pelo tempo exposto ao sol, iludida por um fim de vida feliz e ladeada de quem sempre acreditou poder ajudar em horas tristes.
Quando jovem, Cirene não estudou. Teve pouco acesso à educação formal e sempre viveu na pobreza. Agora, enfrentando sérios problemas de saúde, ela se vê diante do desafio de encontrar tratamento especializado na rede pública. Para ela, cada passo é uma batalha que a cada dia parece mais difícil de ser vencida.
A falta de informação faz com que ela se sinta perdida em barreiras de burocracias e procedimentos desconhecidos. Ela não sabe por onde começar e, muitas vezes, vem de Boca do Acre, no Amazonas, para Rio Branco com esperança de que com ajuda da filha Maria, que mora na cidade, as coisas sejam facilitadas. Puro engano, pois a capital acreana também tem suas falhas na saúde.
Em sua jornada, viu no ac24horas a oportunidade ser vista, notada e quem sabe, se tiver sorte, encontrar alguém que trabalhe na saúde com boas intenções para lhe dar uma oportunidade de tratamento. Ao conversar com o videomaker Kennedy Santos, a filha de Cirene, Maria, implora pelo amparo da saúde à mãe, que há meses dorme em rede armada na sala da pequena casa na região do bairro Cidade do Povo.
A família passa por grandes necessidades, inclusive de alimentação. No dia da visita do videomaker, as quatro pessoas da casa tinham almoçado uma sopa de osso. O vídeo é uma reflexão para o quanto nós, que ainda temos autonomia para pequenas ou longas caminhadas, estamos preparados para a velhice.