Como os dois sobreviveram?
Durante os cinco dias em que ficaram à deriva, mãe e filho utilizaram-se dos escombros de casas e construções para se apoiarem e não afogarem. Por conta da situação, Elvira teve a perna machucada e pegou leptospirose, doença bacteriana geralmente transmitida pela urina de animais.
“Embaixo era água e em cima era lixo. Um bicho chegou a me morder. Tinha porco, vaca, muitos bichos mortos”, disse Elvira à CNN.
Já seu filho, dias antes, havia sofrido um acidente de moto e precisou realizar uma cirurgia. Quando foi levado pelas águas, ele ainda se recuperava do ocorrido.
“Cinco dias sem comer nada, chovendo todas as noites. Nós já estávamos desesperados, já estávamos perdendo as forças”, prosseguiu Elvira.
Luto pelo marido
Entretanto, Elvira perdeu o marido, Valson Tende, para a força das águas. Segundo a viúva, o companheiro, que tinha 66 anos, morreu afogado em 1° de maio.
Com vinte e três anos vivendo uma união estável, o casal não tinha filhos juntos, apenas de relacionamentos anteriores.
Tende era brigadista aposentado. Segundo a família, o corpo dele foi encontrado em Mariante, distante cerca de 34 km, já em decomposição, cerca de 8 dias após o ocorrido.
Recuperação
Após receber alta, dona Elvira e o filho João agora se recuperam na casa da irmã dela, em Lajeado. De acordo com a sobrevivente, a residência não foi afetada pelas chuvas.
Sobre os dias em que ficou internada, a gaúcha só fez elogios aos profissionais que atenderam a ela e ao filho no hospital: “Nos deram banho, uma comida quentinha para comer, nos deram roupas, já que perdemos tudo. Fomos muito bem acolhidos e bem tratados no hospital em Taquari”, citou.
A moradora de Cruzeiro do Sul assegura que a família agora só deseja se recuperar o mais rápido possível.
Para dona Elvira, ter sobrevivido com o filho pode ser considerado um verdadeiro milagre:
“Foi um milagre mesmo. Em meio a força da água, foi um verdadeiro milagre”, finalizou.